sábado, 30 de agosto de 2008

NON, JE NE REGRETTE RIEN

Non, rien de rien,
non, je ne regrette rien.
Ni le bien qu'on m'a fait,
ni le mal,
tout ça m'est bien égal.

Non, rien de rien,
non, je ne regrette rien,
C'est payé, balayé, oublié,
je me fous du passé.

Avec mes souvenirs,
j'ai allumé le feu.
Mes chagrins mes plaisirs,
je n'ai plus besoin d'eux.

Balayés mes amours,
avec leurs trémolos.
Balayés pour toujoursje repars à zéro...

Non, rien de rien,
non, je ne regrette rien.
Ni le bien qu'on m'a fait,
ni le mal,
tout ça m'est bien égal.

Non, rien de rien,
non, je ne regrette rien.
Car ma vie, car mes joies,
Pour aujourd'huiça commence avec toi


Não , absolutamente nada
Não, eu nao lamento nada
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal
Isso tudo me é indiferente
Não, absolutamente nada
Não, eu não lamento nada
Está pago, varrido, esquecido
Dane-se o passado
Com minhas lembranças
Acendi o fogo
Minhas mágoas, meus prazeres
Não preciso mais deles
Varridos os amores
Com todos os seus tremores
Varridos para sempre
Vou recomeçar do zero
Não, absolutamente nada

Nem o mal
Isso tudo me é indiferente

Não, absolutamente nada
Não, eu nao lamento nada

POis minha vida
POis minhas alegrias
Hoje
Isso tudo começa com você.

# MC²

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Diário Nekrópolis

Vou talkar no modo best
cum mud de saudar, saudar, saudar
as palavras que sai do cu da boca de ule
pois o nois necessita de parla cum sangue quente
de artista que goza e peida diferente di ules
esse grito que desce goela abaixo é mais seguro que o de antes engasgado nas tripa muda
ESTIRPE já deu começo
o fim do começo só em março

AHHAHHAHHAHHAA
Assim falou MC²

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

TPM

TO PODENDO MELHORAR

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Leito Líquido

Madrugada, a cama está fervendo.Levanto, ando pela casa, o sono está longe...
Na cozinha, deslizo minhas mãos pelo puxador da geladeira impulsionando a porta. A luz sai e destaca-se no escuro da noite. Abro o congelador, retiro a fôrma de gelo deslocando os cubos sobre a pia, só o calor das mãos é suficiente para fazê-los dançar encima do mármore. Apanho um dos cubos, chupo.Escorrego o gelo pela boca, nuca, seios, barriga, ventre. O gelo derrete suavemente pelo meu corpo tornando-o fluido... Vou roçando os cantos mais pontiagudos do cômodo frio, pesando aos pés da mesa, apoiando os pés nas gavetas do armário. Corro as mãos pela fruteira e encontro uma maçã ainda fresca da feira, sinto o cheiro e abocanho com uma vontade ansiosa de ter que mastigar e sentir a saliva crescida líquida. Percebo as diversas temperaturas, texturas...


O gelo virou água escorrida, virou leito para a consumação do desejo. Meu sexo arde, treme, toco-o com delicadeza. Seguro meus quadris mais alto e vou contraindo os músculos das coxas, virilha...Deixo o ar entrar suavemente por cada poro, relaxando as tensões e, ao mesmo tempo, mantendo meu corpo ardente, latejo. Apóio minhas pernas no tamborete, meus dedos deslizam atráves da umidade, alterno os movimentos segurando forte o clitóris. Massageio toda a região, às vezes fricciono de tal maneira... como se quisesse arrancar-me e te dar como presente confeccionado pelas minhas próprias mãos.


Estou presa num circuito elétrico. Viva!!!!


Suo, suo sua falta. Quero abortar este sexo que te deseja. Quero sangrar-me por você!


Por que não está aqui?


Olha o que fiz... Estou ficando louca. Já não consigo pensar em mais nada. Não trabalho, não como, não descanso, só me maltrato. Me masturbo pensando em você deitado com sua mulher. Sinto seu cheiro impregnado no meu corpo, no travesseiro, na toalha que nunca lavei depois da sua última visita.Estou doente. Você é tudo. É minha desgraça.


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.


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O corpo esfriou. Preciso comer mas a geladeira está vazia.


Volto pra cama, meu espírito está quieto por enquanto. MC²




quinta-feira, 21 de agosto de 2008

TEMPO MOSCA

Moscas e pele verde
Invadem casas, praças, becos
São montantes, amontoados,
Engasgados, trôpegos

Indigentes, gritam rouco
Abanam os insetos dos excrementos
Convive papelão, pixe, cobertor São Vicente
Escarro do rico no seu Mercedes Bens

Não há 3 Mosqueteiros
Apenas moscas no acostamento:
Criando bicheiras
Pairando espaços
Zombando as regras

As moscas se alimentam
comendo resto
Do resto insatisfeito. MC²

domingo, 17 de agosto de 2008

OLHA A FAIXA!!!

Não se pode ultrapassar a faixa!!!!

A faixa da mediocridade,da insensatez, da dureza das pessoas...

Não ultrapasse a faixa das emoções

Contenha-se,

Distancie

Reflita a longas distâncias sobre o novo, é uma ameaça!

Fale baixo

Economia nas palavras

Arrume toda a sua casa sem se envolver com o lixo que você mesmo produziu durante as duas semanas de masturbação filosófica, ahhh sem esquecer de separá-lo, pois estamos numa era de coleta seletiva, fica muito deselegante ultrapassar a faixa dos orgânicos e reaproveitáveis reciclados resignados.
Delete o que é bom, uma memória desapegada não ressente, adoece de IN chaço apenas.

In chaço de NADA que forma bolhas de ar inúteis dentro do corpo, moléstia crônica que aparentemente, dá um suave barato, mas podendo ser irreversível quando em contato com seres de baixa densidade espiritual.

Olha a faixa!!!

Ela costuma ficar pregada na testa, mas está em todos os lugares...principalmente nos psicotrópicos de baixa entropia usados para contenção dos prazeres ditos desnecessários...

Segure os caes com coleiras seguras... os domésticos não são confiáveis, carencem de eternos condicionamentos e deliberações burocráticas. Se por acaso, nascerem-lhe muitos pêlos, depile-os com cera quente que é pra abrir os pôros sem deixar vestígios de abcessos encravados rebeldes, afinal, eles incomodam, inflamam podendo ser a causa de cânceres violentos.

Olha a faixa da boca, se exagerar no batom, pode manchar roupas e peles secas. A cor é sempre uma transgressão a faixa. Os beijos estalados são mais modernos que os molhados tarados, é brega ultrapassar a faixa da salivação. Emoção, alguma, é bom pra vida coletiva, invista nas interjeições AHHH, OHH, BEM, ORA... são mais acertivas e comunicam mais...

NÃO SENTIR É MELHOR ANESTÉSICO PRA QUEM PENSA DEMAIS...MC²





segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Tá passando...

Que só de dizer que os dias vão retomando ao seu estado natural, dá arrepio.
A euforia, o corpo quente esfria com o passar dos dias chuvosos. Aqui no 4x4, a distância aumenta, o assunto esgarça na aritmética da tela plana sem profundidade, sem rosto, sem voz, sem você fla flu. Mas a lembrança ainda viva motiva, reaviva as relações com a cidade, com o trabalho, com o futuro, podendo ainda pingar dedos de certezas colhidas. É só esperar na corrida.
Não sei porque só faço rimas terminadas em A ou O.MC²

domingo, 10 de agosto de 2008

TROCANDO A PELE

A PELE DA CARA ESFARELANDO
SALVE A MUDA!!!

sábado, 9 de agosto de 2008

HISTERRÓIDA

Eu sofro…. Tenho prisão de ventre… intestino preso. Sou encalhada, entupida como queiram chamar... Conheço praticamente todas as ervas, supositórios, laxantes, lavangens, simpatias, tudo que vocês possam imaginar já tentei pra me curar desse mal, dessa doença.
Uns falam que o problema é genético, outros dizem que o negócio é psicológico ou hábito. Não sei. Acho que é tudo junto...Uma vez um especialista disse que os intestinos da minha família são grandes demais, por isso nosso potencial de descarga seja mais lento. Vai vê que ele está certo mesmo... Enquanto as pessoas bem resolvidas com isso passam um fax eu envio carta simples mesmo pra chegar só depois de três dias e olhe lá, hein?
É estranho... as pessoas parecem ter preconceito, pudor pra falar desse assunto, né? Algumas pessoas mais solenes, então não cagam ECAVUAM, DEFECAM. Nossa!!! tem palavra mais feia que essa EVACUA. Me lembra aqueles filmes de ação: Evacuar a área, evacuar a área... Se eu evacuar área, será que eu tô cagando no lugar?
Sabe, tenho uma inveja de viado, mas muita mesmo... eles lidam tão bem com essas coisas, né? Aliás os homens de maneira geral... mas essa já é outra discussão...(pausa)
Ahhh! Querem saber mesmo, os homens adoram um carinho lá no benedito.Eu duvido que alguém negue isso. Se eu estiver errada é agora hora de se manifestar. (cortando qualquer tipo de interação)
Bom, depois de tantos métodos, drogas, cismei que a solução era dá o cu mesmo, não teria como escapar... É...imaginem um lugar sacralizado a vida toda que não consegue cumprir as tarefas simples do dia-a-dia ter que assumir uma missão quase impossível... Quanto sofrimento, meu Deus... e paciência. Pra decidir dá cu levaram meses e meses. No começo eles até que tentam, aí você sempre encontra uma desculpa dizendo que ainda é cedo pra esse tipo de transa que exige maior intimidade no relacionamento. Na verdade, a gente tem medo, nunca sabemos se é a pessoa certa. Como se da o cu exigisse uma qualificação top de linha. Tenho umas amigas que sempre dizem: Você precisa escolher a pessoa certa, alguém que vai ter um jeitinho, que não vai te machucar... Pra mim não tem nada disso, preferia mesmo um pinto pequeno pra começar... nesse caso o menor é mais adequado e seguro. É uma contravenção mas vai fazer o quê? A verdade é que quando você percebe já casou e nunca conseguiu dar uma variada no cardápio e pode ser que o marido vai resolver seu fetiche em outro lugar, com outro alguém, sabe-se lá com uma boneca que pinta melhor que você...
Descobri que tenho muita inveja mesmo de quem faz o negócio e gosta... e tem gente que faz muito bem, né? Outro dia, nessa busca neurótica pelo aprendizado do negócio. É... teve uma fase que eu tentei mais obsessivamente, evidentemente, pra segurar um namoro de cinco anos... Então, eu e meu namorado fomos para o motel e aquele dia era o dia D, estava decidida, custasse o que custasse. Depois de umas brincadeirinhas aqui, ali, ligue a TV no canal 3... tava rolando uma cena legal... dois caras comendo uma mina... Comecei a empolgar e o negócio começou a esquentar. Enquanto isso, meu namorado delicadamente fazia um carinho... tava tudo indo bem até o momento que um dos caras que comia o forebis da mina tirou rapidamente e a câmera deu um close no benedito da mulher mostrando aquele buraco enorme que fica depois da penetração. Mas o pior não foi isso...Entrei em pânico quando depois disso o cara disse: Pisca vagabunda!
A mulher abriu e fechou o buraco virtuosamente, com primor! E eu senti aquilo como se fosse comigo. De repente foi uma aflição tão grande que comecei a chorar e saí correndo pro banheiro desesperada, fui direto pra privada. Chorei muito... de soluçar. Depois desse dia percebi que realmente não levo jeito pra coisa. Falta-me habilidade, acho que tem gente que nasce pra coisa. Me conformei com aquele discurso médico: “Pra quê colocar alguma coisa num lugar que é pra sair?”... Sei lá, quem sabe um dia eu consigo. Acredito que vai ser só daqui alguns anos. Dizem que depois de uma certa idade o negócio relaxa. Acho que é verdade. Alguns anos atrás, quer dizer há alguns bons anos atrás, toda noite do meu quarto ouvia meus pais conversarem, rirem e peidarem. Pra cada risada era um peido. Começava baixinho e ia aumentando o volume, mas isso variava conforme o assunto que conversavam. Eu e minhas irmãs achávamos aquilo absurdo mas minha mãe dizia: “Minha filha depois de velha o cu relaxa, a gente não controla mais”. Só hoje compreendo... afinal, pra virar aquela sinfonia de peido tinha que ser bem relaxado mesmo.
Meu pai, um guerreiro que teve que conviver com quatro mulheres durante sua vida é autor de uma das frases mais sábias que já ouvi: “Uma mulher cagada vale por mil” Essa merecia estar num desses livros de frases que eternizaram na história. Aliás, o meu pai é um cara que vai ficar pra história, agüentar quatro mulheres histéricas e entupidas é, de fato, uma batalha vencida. Acho que ele aceitou o desafio consciente da situação, afinal, era primo da minha mãe, já tinha paquerado outras irmãs dela, sabia que daquele mato só saia fêmea. Entrou nessa porque Deus não dá um cu...ohhh deculpem-me uma cruz maior do que a gente pode carregar.
Agora, isso de ter só mulher na minha família, tirando algumas raras exceções...vamos ver... uma proporção de 1 homem pra 20 mulheres é bem sintomático esse número não acham? Do jeito que as coisas tão indo isso já é realidade universal. Em pouco tempo tudo que eu tô dizendo aqui vai servir pra humanidade, a mulherada vai comandar. Homens, atenção! Vocês precisam preservar a espécie masculina pro isso uma dica: Trepem mais com mulheres e façam mais filhos machos! Tá ficando feio pro lado de vocês. Estou desabafando mesmo porque já fui traída duas vezes, as duas fui trocada por outro homem. Desse jeito, mulher que for inteligente vai saber estocar marido pra vender no câmbio negro. Economia doméstica será o grande business minha gente! Me perdoem as feministas, as executivas mas estou falando da grande revolução do séc XXI; “A grande volta ao lar”, “ O regresso de Amélia”, “ O retorno dos fogões voadores”. Lembram? “Vassouras Princesinha, a rainha do lar?” Vocês podem notar; têm mais propaganda de produtos de limpeza, utensílios pra casa. Inclusive aumentou consideravelmente também o número de propagandas de laxante, iogurtes pra cagar... Vocês acham que isso não significa alguma coisa? É claro que sim! A volta ao lar aumenta a neurose dos intestinos, a histeria então...Vocês não sabem o que uma mulher sozinha é capaz de fazer com uma vassoura, enfezada,então...
Hoje em dia virou moda falar de TPM. Todo dia tem livro sendo lançado, discussões em programas de TV. Enfim, encontrou-se um jeito de explicar a mulher pela TPM. Qualquer tiquizinho já é a tal TPM, até crime passional pode ser justificado pela TPM. Mas eu acho que as pessoas deveriam falar também da TMP (Tensão da Merda Presa). Sem dúvida, as pessoas não vão querer falar disso. Mas acreditem, existe e pode ser tão patológico quanto a TPM. Na minha família, por exemplo, ninguém quase matou outra pessoa, mas já houveram casos de morte de animais domésticos, agressão física a marido, espancamento de filhos, destruição completa das mobílias da casa, surra na empregada, dentre outras.Nada tão grave assim, no entanto, precisamos falar mais sobre a TMP, essa doença pode deixar marcas indeléveis e o que é pior atacar as hemorróidas. Pronto, chegamos no ponto crucial dessa palestra: Criar consciência que essa doença pode ser muito mais terrível do que parece. Hemorróidas não são tão simples assim. É uma flor que brota do âmago dos nossos intestinos, entretanto, não são como margaridas ou beijinhos no jardim, são autenticas bromélias no semi-árido. Incomodam, ressecam, queimam e o que é pior espetam, não dá pra sentar. Uma vez uma amiga teve e me contou que tudo que ela mais queria era um ventilador debaixo das pernas pra aliviar a queimação. Imaginem a paúra estar entupida e toda desabrochada por baixo?
Vocês devem estar achando que depois de Monólogos da Vagina e Monólogos do Pênis esse é o Monólogo do Anus, engano. Esse não pretende nenhuma das alternativas acima, tanto porque estou falando sobre a relação das mulheres com a bosta e quais os danos e patologias pode acarretar em suas vidas... Digamos que esse seja um conflito fisico psíquico e seu diagnostico chama-se histerroidia, ou seja, a mulher que sofre desse mal e chamada de histerroida – histeria/ hemorroida- (faz sinal com as mãos simulando a relação das coisas como se o publico compreendesse).
Portanto, meus caros estou propondo uma nova nomenclatura cientifica baseada em fatos reais. É preciso que as pessoas tomem consciência dessa doença e percebam que ela abrange uma grande parte da população feminina e sua incidência é quase infinita. São vários casos que nos chamam a atenção por isso procurem nosso grupo de apoio: CAPSTMP Centro de Atendimento aos Portadores da Síndrome Tensão da Merda Presa. Lá você ira encontrar uma luz nesse túnel escuro e entupido. Acreditem tudo que entra sai. Nosso e-mail de contato e tensãodamerdapresa@hotmail.com. MC²

DIA QUADRADO


Nos dias quentes de verão em São Paulo os portões de aço dos condomínios podem emperrar devido a dilatação do ferro e conseqüente falta de espaço, pois duas matérias não podem ocupar o mesmo espaço. Não muito raro, o caos da grande metrópole pode ser entendido pela mesma lógica, os corpos fogem-se ao mesmo tempo que espremem-se por um poder de atração que se não for o calor, sabe-se lá o que pode ser. Interesse em ficar aglomerado, massificado, amassado? Talvez uma pujança em reviver algum arquétipo de guerra.
Os aglomerados calorentos embotados em paletós virtuosos, geralmente cinzas, circunscrevem os mesmos espaços, percorrem os mesmos itinerários em autos blindados, espelhados pelas colunas verticais de motivo bancário, executivo quase sempre.
A mulher de uma dessas muralhas espelhadas retirou-se seguindo seu curso para outro vertical pré-fabricado, estilo financiou entrou. Era mais um dia, diferente do outro, afinal os clientes eram novos, o papel da impressão acabou, a senhora da faxina cortou os cabelos, mas a mulher habituada a sua rotina não percebeu. Apenas uma coisa a motivava fazer tudo aquilo: a vontade que acabasse aquele e todos os outros dias de trabalho. Saiu iluminada pelos espelhos do prédio que refletiam o sol ainda vivo cá fora, de cabeça baixa e com uma bolsa gigante, olhou a tarde e não teve vontade alguma, a não ser ir pra casa. Passou em uma padaria comprou pães frescos, algumas latinhas de cerveja e um Babalu. Adorava Babalu.
Seguiu pra casa a pé, teve a mesma vontade de sempre, de tirar os saltos e jogá-los no primeiro carro que parasse no semáforo, mas, como de costume se conteve. Abriu o Babalu, colocou na boca e sentiu o prazer de mascar exageradamente como uma adolescente aquela massa espessa do chicletes sabor tuti-fruti.
Cumprimentou o porteiro mesmo sabendo que a observava sempre pela câmera do elevador. Abriu a porta do lar, apanhou algumas correspondências jogadas debaixo da porta, tirou os saltos atirando-os pra qualquer canto, colocou as correspondências encima da mesa, foi a cozinha. De cá da sala, ouvia-se o barulho do abrir e fechar da geladeira, da água escorrendo pela torneira da pia em atrito com uma pilha de pratos sujos há semanas, do ssshhhhiiiku da latinha de cerveja quando abre. A mulher voltou deu um gole na cerveja, abriu a janela, espalhou-se pelo sofá tirando a roupa até ficar só de calcinha e no silêncio ficou.......................................................................................................................................por alguns instantes. De frente para uma estante observava alguns retratos, se ateve a uma foto de infância na qual brincava com amiguinhos numa piscina Regan dessas que se coloca no quintal de casa quando se mora em casa e depois de poucos dias, se não troca a água, aparecem larvas pretinhas que podem ser que se transformem em girinos, quem sabe enormes animais aquáticos. A mulher lembrou dos momentos felizes que tivera naquela piscina, reviveu a sensação da água fresca da mangueira que enchia a piscina, dos vários tipos de pega-pega, das competições de quem ficava mais tempo debaixo d’água e das broncas da mãe quando se aventuravam a subir pela fraca estrutura de tubos da piscina para saltar e ver aquela quantidade toda de água se espalhar no ar pra fora da piscina... Em meio a saudosas lembranças teve a brilhante idéia de se refrescar como na infância. Trocou de roupa rapidamente, pegou a carteira, os chinelos e saiu em disparada...
A mulher voltou com um embrulho comprido nas mãos, tirou os chinelos, desembrulhou ouvindo quase uma sinfonieta de tubos rolando pelo chão da pequena sala do apartamento, tomou o manual de instruções, abriu mais um babalu levando-o a boca, leu o manual identificando as peças. Separou-as pela forma. Levantou-se olhou os conjuntos imaginando os possíveis encaixes, pegou a lona grossa e decorada com peixinhos coloridos e outros motivos marinhos, abriu, deitou sobre ela sentido o cheiro de borracha nova, respirou fundo fechando os olhos, sorriu. Sentia seu corpo como era na infância, denso, pele macia. Depois então de um dia de banho na piscina Regan sua pele ficava vermelha, seu rosto ardia, sua fome aumentava, e depois de saciada por um pão com mortadela e suco de caju TANG acabava adormecendo na frente da televisão, o sono era quase infinito. Na infância os desejos eram facilmente satisfeitos, ter disposição para brincar, fazer pirraça, se machucar é o que se precisava pra estar feliz. Na infância o corpo não pensa apenas flui, quando cresce a cabeça manipula, enlouquece, adoece o corpo.A mulher sentia suas coxas troncudas de criança, a pele lisa. Tocou suas coxas, apertando, a textura já não era a mesma, podia sentir a pele mais flácida se espalhando pelos dedos. Com a pontas dos dedos percorreu seus quadris, virilha, barriga, apalpou os seios com força não acreditando que passara tanto tempo, subiu pelo pescoço até reconhecer seu rosto.Teve a certeza que crescera pela textura da pele ressecada e irritada de sabão em pó nas maõs, além disso cheirava a água sanitária. Lembrou que suas calcinhas estavam de molho no mesmo produto há mais de uma semana. Fora uma breve lembrança insuficiente para tirar-lhe daquele transe. Respirou fundo, abriu os olhos, observou algumas bolores que começavam a se formar no canto direito da sala. Levantou-se num ligeiro suspiro arrepio medroso de não saber quem era. Por alguns instantes tudo apagara da sua memória, não sabia se estava ali, não sabia se habitava aquele e corpo, e quase guturalmente, perguntava-se: “Será que eu sou eu mesma”. Um lapso, rápido logo voltou a si. Não sabia como, mas de repente sentia-se tomada por essa condição entorpecente, notava que algo acontecia e nunca era a mesma. Esses momentos sempre aconteceram na sua vida, até na infância. No entanto, fazia tempo que não tinha essa experiência. Achou uma boa hora para abrir uma cerveja.
Os tempos, as horas, passagens mórbidas ou fascinantes, a cerveja no congelador, as lembranças escapando pelos poros magnetizando o ambiente. Uma caixa, uma mente, um congelador. A álcool refrescando a goela e a cuca quente.
Dessa vez, sem precisar ler as instruções a mulher ia encaixando as barras de ferro facilmente, aos poucos a forma retangular da piscina aparecia. Em alguns minutos estava pronta, a piscina compondo uma decoração especial no centro da sala do pequeno apartamento. Depois de pronta, um suspiro, a obra estava quase completa. Ansiosa a mulher correu até a área de serviço e percebeu que precisava de uma mangueira, com o único balde que tinha demoraria muito tempo para enchê-la. Procurou o zelador que curiosamente queria saber o que faria como uma mangueira, mas a mulher segredou o assunto da piscina dizendo que estava fazendo uma faxina na cozinha. O argumento era justo mas não convenceu o moço, recomendando que o desperdício de água seria notável na conta do condomínio e que pagaria por isso. A mulher sorridente concordou, apanhou os metros de mangueira vermelha com esforço, colocou-os no elevador, subiu para o décimo terceiro andar. Chegou em casa esbaforida, conectou a mangueira puxando a ponta até a sala. No meio do caminho foi surpreendida por vários barulhos, no seu desespero a borracha saiu dando rasteira nos objetos mais leves assim como utensílios de limpeza, uma fruteira com algumas cebolas, e um vaso de louça chinesa que ganhara da sua mãe falecida. Parou numa pausa breve, observou os estragos, olhou tristemente para a louça quebrada, voltou para a piscina colocando o bico da mangueira dentro dela. Correu atropelando os cacos, as cebolas. Sentiu uma forte emoção ao ligar a torneira e ouvir o barulho da água percorrendo a borracha. Finalmente a água escorria enchendo a piscina. A mulher entrou no quadrado azul colorido tirando a roupa, sentou-se tomando a borracha e espremendo um jato d’água no corpo. Sentia-se aliviada apesar de ainda sentir o chão duro sob as nádegas. Resolveu sair e voltar outra hora, quando pudesse, de fato, sentir-se flutuante. Molhada foi até o banheiro, enxugou-se numa toalha branca encardida. Vestiu calcinha limpa atirou-se na cama como se estivesse ensaiando um pulo virtuoso na sua nova piscina. Aí ficou com a cabeça afundada no travesseiro. MC²

UNHAS AMARELAS

Unhas amarelas, pós esmalte vermelho. Reação alérgica, excesso de betacaroteno? Tô ficando amarela, constato. Será que depois da fase primária das cores consigo alcançar complexos roxos esverdeados? Uma amiga olhou para minhas unhas e, mesmo sendo sempre do contra, tive que concordar com ela: "Parece que ce ta doente"...Acho que o amarelo quer dizer muito na minha vida, aliás, já fiquei amarela em outras épocas a base de salada de cenoura, beterraba, atum e pão integral... Nossa! a planta do pé, as curvinhas das dobras do joelho, as mãos eram amarelas ouro. Levou um tempo pra sair da fase hepatitóide... Esquece, se alguém perguntar é melhor dizer que ando fumando muito, dixavando muita maconha... prefiro.
Por falar em cores, hoje o cinza paulista está solitude contemplativa...depois que cheguei do Rio, só hoje aterrizei na Paulicéa ao perceber a garoa nas andanças pela Luz,perpassando a Pinacoteca depois de um almocinho na casa de Rama e Onésimo e devo assumir que ak também é meu lugar. Não devo negar que o Rio balançou comigo. Havia mais de quatro anos sem mudar o itinerário SP-MG de férias, por isso só não poderia ser a melhor coisa que fiz este ano.
Ahhh!!! Rio de paixões, corpo aberto...ainda te devoro, rio...me aguarde. MC²