quarta-feira, 27 de agosto de 2014

PAI , aqui estou mais uma vez. Percorri terras , naveguei mares, mergulhei em lagos profundos. Amei o teatro, a dança , a poesia. Dediquei-me como um soldado com a arma em riste. Entreguei  minha alma aos ofícios das artes e mesmo sabendo das pedras não abandonei o caminho. Fui fiel como um cão que faz vigília noite e dia. Pequei por amar sem medidas. O "OUTRO" se tornou um gigante insaciável , cheio de caprichos. Enquanto cuidava, o protegia , ele consumia todas as minha energias. De repente, estava só , o PRÓXIMO  não existia. Senti o vazio absoluto e, assim , a MORTE surgiu como única companhia. Agonizei durante longo período, a dor foi secando gota a gota as memórias e lembranças do que ainda insistia em ser vida. Nos últimos suspiros pensei que se fechasse os olhos descansaria e confortaria os demônios criados pela minha imaginação. Abandonei o meu corpo e por muitos dias sentido algum havia.
As brumas do tempo criaram as cascas das minhas feridas, elas foram cobertas por uma pele nova, diferente, desconhecida. Voltei a caminhar, o chão tinha outra textura, talvez estivesse mais leve. Aqui estou! Ainda encontrando a marcha ideal para meu novo corpo, buscando outras paragens, possibilidades de avançar sem abandonar o caminho. Ilumine meus passos, eu vou seguir PAI , não importa como, sei que estás comigo. Sou tua obra , tua filha. MC²

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

PARA ZÉS

Quantos anos tem aquilo que desconhecemos ?
Quanto tempo leva o vento para soprar as lembranças?
Se o tempo não passa de que morreríamos?
Enquanto esperamos ...buscamos...aquilo que se parecer ser o que não é ?
Com o tempo...
As pernas ficam duras ...
Se tem medo da queda ...
Se tem medo do alto...
Daquilo que guardamos  bem escondido e na ponta dos pés o protegemos.
São como algemas cálices de sangue desejo puro do instante interminável
São filosofias vãs de um mundo superlativo complexo,
Enquanto o ENCONTRO arrebata, sucumbi, transpira cheio de vida.
Uma ode ao insuperável ir e vir de se encontrar e se perder.
Um brinde ao ENCONTRO caprichoso e garantido. MC²

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Dor 
A dor quando chega 
Graceja por cantos bocas orelhas 
Sorri desdentada 
Arrepia os intestinos 
A dor lateja quando quer a morte 
Estilhaça nos céus sonhos ideais
A dor corta camadas 
Desnuda a alma 
Empalidece os olhos escuros 
A dor corrói, pui , inflama qualquer verdade absoluta
O dor ensandece.
Mata.
Cura.
MC²