segunda-feira, 3 de junho de 2024

Visita do meu Pai

 Meu pai me visitou no sábado. Aos 89 anos foi talvez a terceira vez que veio durante esses 23 anos. Ficamos proseando no sábado até meia noite. Que surpresa! para um idoso que dorme 19:00 da noite. Eu me senti pertencente. Não sei se esta é a palavra.  Há coisas sem nome que fazem mais sentido. Pum !De repente LUX. E foi assim... Amor dá sentido, nutre, hidrata. Os dias estão leves, percebo o avanço da vida, a vida que tanto estimo ... 


sexta-feira, 31 de maio de 2024

Inferno Astral

  A semana foi foda. Um paciente meu morreu, fiquei péssima. Ainda não tinha passado por essa experiência. È doloroso carregar sorrisos, superações, desejos e crises de uma forma tão íntima. Foi uma semana de abandono. Putz muitos abandonos e rejeições. A minha melhor amiga me deu dois vácuos carpados, minha sobrinha conseguiu me fazer  bloqueá-la e minha irmã simplesmente trouxe meu pai de 89 anos para São Paulo e não me avisou. Assim vou seguindo avassalada pelo bicho solidão. 

Comecei uma nova terapia, contratei um novo gestor de tráfego e estou me aproximando do meu renascimento. A faxina tá braba esses dias, cortando tudo que não serve mais, É aquele momento borboleta. Sábado passado foi dia de encontrar com a metamorfose em asas. Ela se molhou e a socorri, a aconcheguei na minha pele e ela foi me investigando, curiosa. Sei que são mensagens, avisos de fins de ciclos. 

Foi a semana de reconhecer que tem pessoas queridas comigo. Lina parece ser dessas manas da eternidade. Ela me salvou na terça com um encontro profundo e carinhoso. Me alertou: 

- Você precisa desviciar seus pensamentos !





quinta-feira, 23 de maio de 2024

 Inferno astral só pode ou envelhecimento e solidão. 

Tô viciada em celular a minha melhor amiga faz aniversário hoje e desde segunda feira não responde nenhuma mensagem e olha que não é de hoje que me deixa a deriva . A gente acha que tem amizades que são pra vida toda mas quando percebe cadê ? Já foi .. conflitos de estilos de vida e essa coisa virtual da contemporaneidade. Eu particularmente respondo profissionalmente ou quando tenho real interesse. Quando é uma relação ou um contato que pouco me interessa respondo por educação. Por outro lado aprendi a responder as pessoas dentro das redes sociais. As vezes me pego pensando: 

Será que foi isso que me sobrou ?  Os amigos e seguidores virtuais? 

Como estou cansada das redes . Amo quando atendo e vejo pessoas reais é isso que me alimenta; encontros, músculos , pele, palavras ... 

Eu tenho saudade de ouvir : 

Vamos molhar as  palavras ! 


terça-feira, 21 de maio de 2024

  A conta é simples 



Hoje o passado é  maior que a probabilidade de futuro por isso é inevitável essa depressão 

Hoje vivo bem e acredito no meu trabalho e  na minha luta mas o medo da solidão aumenta.  Meu pai me mostra o quão é difícil envelhecer, ele luta para não depender de ninguém mas já depende. Imagina perder a autonomia? 

Imagina ter uma cabeça com inumeráveis vivências e não poder ser quem se é porque você não consegue fazer tudo sozinha ? 

EU TENHO MEDO DO FUTURO pela primeira vez penso nisso 

Eu vivi presente esses anos todos de uma forma honesta. Enfrentei os perrengues financeiros mas o nocaute foi emocional. 

Tenho mas motivos para alegrar-me e agradecer... Hoje atuar como psicóloga é um dos maiores prazeres. Quando estou atendendo é como se o tempo parasse e eu me sentisse ainda mais ser humano. Me alivia, me motiva, me renasce saber que sou necessária para aquela pessoa. Saber que o que as pessoas me compartilham  são tesouros que me enriquecem quando encontramos uma trilha possível. 

Na foto acima, decidi viajar sozinha para Bertioga, onde hospedei próximo a Guaratuba e esse chapéu foi um presente de Yemanjá que encontrei dentro do mar. Tive a certeza que será impossível não viver esse amor que tanto acredito. 

segunda-feira, 20 de maio de 2024

Quando eu morrer tenho esperanças que encontrem em algum lixo digital esse diário. 

Ando colecionando umas histórias que são mais roteiros de filmes. Taí: crio cinema mesmo sem assistir nesses últimos anos. Minha mente é o streaming completo. 

Tô com tanta saudade do que fui. Vontade de sentir de novo os momentos bons. Esse febre não passa. Eu sei que pode levar mais tempo para vir a nova temporada. Eu só queria sentir de novo. Esses tempos de escola depressiva, estão cada vez menos criativos. É um esgotamento ! Parece não haver mais cartas na mão. Mas tem tanta coisa incrível acontecendo ...

O momento do assentamento, de ver  a casa de pé, os tijolos, de mirar envolta e saber que agora tem chão e solidão. 

quinta-feira, 10 de junho de 2021

 


      O amor não é sobre sobre se amar,  o amor é sobre o quanto se amar reflete no "outrem"


sábado, 23 de maio de 2020

[17:06, 16/05/2020] Maria Cecília: Como vai e vem eu vejo o fim
[17:06, 16/05/2020] Maria Cecília: O fim que pode ser começo
[17:06, 16/05/2020] Maria Cecília: de um tempo, de vidas
[17:07, 16/05/2020] Maria Cecília: meu embalo é tímido sobre o o tecido que abraça meu corpo
[17:08, 16/05/2020] Maria Cecília: Vejo a cidade ainda viva
[17:08, 16/05/2020] Maria Cecília: como meu corpo
[17:08, 16/05/2020] Maria Cecília: como meus cabelos que mudam de forma e de cor
[17:08, 16/05/2020] Maria Cecília: como o calor que desfaz sob a pele úmida
[17:09, 16/05/2020] Maria Cecília: Dá pra ouvir ...
[17:10, 16/05/2020] Maria Cecília: gargalhadas de infância pedindo emoção no balanço
[17:11, 16/05/2020] Maria Cecília: Era bom ir e voar se tocar a sola dos pés no ladrilho frio
[17:14, 16/05/2020] Maria Cecília: É bom ser passado quando futuro escorreu de ausência....
[17:14, 16/05/2020] Maria Cecília: ( acabo depois )

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Damas


Início de maio 2020

Dois aposentados, velhos amigos,  quase todos os dias se encontram na praça para jogar dama.
Justino é viúvo há pouco tempo. Ele sempre tem roupas bem passadas e pisantes lustrados, seu cabelo é usualmente penteado para trás. Carrega no bolso um daqueles pentes de plástico comprados em armarinhos de coisas antigas. Percebe-se que o objeto é gasto mas ele sempre faz questão de limpá-lo. Acompanhado do seu pente, no bolso de trás da calça carrega um lenço também bem passado e engomado. Gosta de vestir com um pulôver cinza, calças de alfaiataria passadas com friso, cintos ajustados. Gosta de usar colônia de alfazema e relógio de pulseira metálica também ajustado no pulso.

Sebastião é casado com Tininha, a merendeira da escola. Se veste com certo desleixo. As sandálias de couro amassadas pelos calcanhares rachados e encardidos. As calças sempre estão caídas para baixo do rego da bunda, mostrando as curvas dos quadris quando as partes de cima são sopradas contra o vento. Nem sempre está de cinto. Gosta de camisas mais largas. Os óculos quase na ponta do nariz  parecem terem grau em demasia para seu tamanho de rosto. Os cabelos são curtos não rentes ao cocuruto mas de tamanho suficiente para estarem sempre desalinhados como se acabasse de levantar da cama. A dentadura às vezes aparece em sílabas na boca entreaberta dos fonemas.
 Os dois velhos amigos tem lugar garantido na praça, as chegadas são sempre por volta das 9:00 da manhã. Sebastião é um ganhador do jogo, quase invicto, poucas vezes Justino o superou.
Justino é o primeiro a chegar. Sebastião só aparece depois de tomar uma média na lanchonete do Rocha na esquina da praça. Justino sempre o espera ancorado na placa de proibido estacionar, lendo o jornal popular distribuído gratuitamente. Tem dias que o amigo sai do bar sem a média mas com uma branquinha na cabeça. Nesses dias já sai gritando da lanchonete:
   - “ A vida é boa mas não presta”!
Justino do lado de lá da rua, só abana os braços e responde.
“Ohh maldito! Rapadura é doce mas não é mole não!
 Os dois caem na gargalhada.
Sebastião quando se aproxima é sempre palavras aleatórias que saem, como se encontrasse alguém íntimo mas com o protocolo dos cumprimentos de cavaleiros.
E numa fungada de respiro curto

---- OHhh bom sô!!!!
Justino sempre se queixa alegre que o amigo não o convida para o melhor momento do dia.
Os dois descem pelos canteiros centrais da praça em direção a mesa de cimento com tabuleiro pintado. É Justino quem carrega a sacolinha de pano preta com as peças do jogo. Os dois ajeitam a calça para sentar, sempre um de frente para o outro.
    Justino e Sebastião conversam sobre família, contam causos e sempre falam de seus desejos e sonhos.
Sebastião sempre reclama do mundo de hoje, diz que seria bom mesmo é dar no pé da cidade, ir para outro canto do mundo.... Justino acompanha o desejo do amigo, reclama da solidão e diz que não falta muito pra partir para uma melhor....



Minha Dramaturga


Isso foi escrito em março de 200

Mana ,
Eu pensei muito se escreveria para você ... de repente poderia parecer que eu sou um espécie de puxa saco ou até não sei o quê ... o fato é que foda-se o que as pessoas pensam não é mesmo? Ficar levantando sua bola parece pouco pelo nível de mulher diva power que você é. Confesso que você é a dramaturga que mais tenho proximidade, apesar de ser um ótimo exercício pesquisar sobre outras. Mas antes mesmo de tecer elogios e dizer que você é uma grande inspiração e guardiã eu tenho que me desculpar por várias coisas. Uma delas é o fato de não ter tido competência para apresentar o texto da Piscina com a investigação que ele demandava. Quando nos conhecemos foi um suporte gigante para meu momento de renascimento. Você chegou naquele café já como a entidade que é. Me acolheu com os olhos mais atentos, escutou meu melodrama sem julgamentos, gargalhou no seu Exu me trazendo a esperança perdida, os cacos foram colados com super bonder no mesmo dia e comecei a perceber nocvas formas. Algumas horas depois você me envia o texto cheio de bolinhas no teto, sapos, mangueiras, inundações, cartões de visita, salto alto sem salto. Ahhh o  escafandrista dourado... Era síntese, mas era partida também. A mostra começou na Cia. Do Pássaro e  as palavras emboladas na boca eram como oração, começavam estranhas e lentas e eu já nem sei pra onde eu ia. Confesso que era difícil submergir daquele mergulho de fato, você me visitou em sentidos em poucos flashes, enquanto isso minha vida estava 36 degraus abaixo literalmente, naquele apartamento as estruturas eram frágeis demais para avançar sem recuar, mesmo nômades ou viciados era preciso dar conta da pedra no caminho. E o PSCI in À ficou suspensa até hoje. Ás vezes em nossos encontros tenho vergonha de falar do meu fracasso naquele momento, assim nunca mais conversamos sobre o trabalho. No entanto, tantas coisas aconteceram, você explodiu eu me recolhi como era preciso. E quando retornei  à São Paulo encontrei a dramaturga referência, super agendada, imersa no engajamento das lutas. Em um ano e meio, o alcance da Dione era meteórico. Foi um orgulho tão grande! Apesar da vergonha ainda escondida, consegui driblar minha covardia porque já era outros tempos. Tempos que passaram muito rápido pra você eu imagino. Alguns encontros marcantes depois, assim como o dia que você conheceu o Mia Couto e eu conheci a  Dione adolescente com os olhos brilhantes e o coração na boca. Foi o dia que fomos cuidadas pela Didi. Depois disso, o encontro atravessando a Brigadeiro Luis Antônio.
   Dione vou publicar um livro e você vai escrever o prefácio.
Ei-lo ai e eu aqui nessa nave mãe, a Escola Livre que tanto me educou durante 4 anos. Me mostrou que mestres e aprendizes são diferentes de alunos e professores, me ensinou formas de resistir, me ensinou o valor da criação coletiva. Aqui foram os anos dourados. Quem sabe esse retorno será anos dia amantes ?
E pra que tô nessa nostalgia toda?
Porque eu tô tentando entender a dramaturgia. Pessoas já são dramaturgias potentes e quando olho pra sua trajetória eu sou capaz de aprender mais pela presença, porque vejo além da obra. Eu realmente,  não sei onde separa essas coisas.
Pode soar algo tão egoísta orbitar no próprio umbigo. Mas é de onde costumo colocar minha luneta para enxergar o mundo. E nem sempre esse canto escuro e confortável é o melhor ângulo, você sabe ... Tô tentando me despregar dessa casca e sinto que nessa jornada você é Shiva apontando vários caminhos. Reconheço sua escrita nos poros e isso me alimenta ainda mais.
Essa fricção de corpos... acho que o caminho é por ai. (suspiro)
Essa carta não termina aqui. Só vou botar um ponto sem final, por enquanto. Tô na pausa sem drama mas em ação.
Fiquei pensando na Piscina sem água.


Hoje 13/05/2020 e...

Escrevo ... assim me alivio...

Imagina o mundo acabar ... essa é  sensação ... são dias de confinamento desde meados de março. Pra ser precisa uma semana depois do dia 11/03 , isso é 18/03. Desde então o mundo ruiu com COVID 19. Eu sempre disse que nasci em época errada, taí prova mais concreta impossível. Eu sou filha da revolução sexual, quis ser hippie e amei demais. Não vi guinomo nem duendes, talvez  isso me denuncie como prova dessa realidade crueal chamada sec . XXI , bosta pura. Não posso reclamar, claro! Tô aqui pra sentir o vento na cara , fui feliz em um passado distante e tô feliz há uns 2 anos. Encontrei aquilo que busquei durante um tempo, principalmente no lado afetivo. Mas a porraw do mundo profissional, aliás,  me digam o que é isso? Vou passar uma vida inteira perguntando o que é isso? Meu grande conflito é essa coisa , ser profissional. Tem um lado meu que diz ser impossível , afinal, vida e obra se confundem , por outro lado se você não é profissional não é aceita... e como se não parasse aí, vem esse claustro.
   Vamos lá ...
   Artista , 40 anos, gosta de viver intensamente, gosta de gentews, adoro a vida intelectual mas é a pura indisciplina com a leitura, gosto de almoço de domingo na casa da sogra italiana, gosta de sentir, respirar novidade, não consigo escrever quase nenhum texto até o final, sou  feliz vendo céu, lua , sol e animais, abraçando árvores, e também sou muito feliz atuando como atriz. Aparecer é comigo mesma! A vontade é só aparecer e desaparecer mesmo!. Pareço drag queen, tenho bom gosto e gosto das altas intensidades.
.
.
.
O que faço com tudo isso ?


Pra piorar depois da quarentena tudo dia lembro dos meus sonhos... Antes era um ajo dormindo, apagava e acordava feito celebridade em Ilha de Caras, super leve e rica. Atualmente, lembro sempre ... acordo com a cabeça com 3 terabytes , foda ...

   Passo o dia sofrendo de ansiendade de rede social e de notícias políticas. Nem vou falar o que tá rolando nesse momento na HISTÒRIA , deixa algum/algum  historiadora/historiador  mais inteligente e habilitada (o)  que eu. Eu juro que até pensei em ser Anne Frank , mas me deparei que cheguei aos 40. Meu diário deve constar putarias ? Quem sabe desesperanças? Talvez forçar uma autobiografia?  Opa! Parece bom esse último. Aê você que tentar traduzir essas palavras, não esquece de dizer que agora tô feliz porque tomei um litro de vinho, tá ?

  Beijo na bunda e até segunda
                                                              MC²