segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

DIÁRIO VOLÁTIL

Salu!!!

Esses dias pensando sobre as coisas que estou pesquisando, resolvi, mesmo atrasadamente, exercitar a o tal do diário de trabalho. Acho que pode ser um amadurecimento meu como artista e também um desejo em dividir as coisas que estou aprendendo e até abrir discussões.

Bem, no meio do ano de 2009 me encontrava sem rumo depois de 4 anos de Escola Livre. Esta va um tanto sufocada no trabalho de grupo e grupo grande. Sentia que era necessário encontrar as rédeas sozinhas, precisava dar uma chance a mim mesma para compreender onde iria esse meu modo sui generis de criar. Não digo tão apropriadamente que esse modo seria uma virtude, afinal, muitas vezes me senti muito só, sem ser comprendida e ouvindo um desconfortável: "Lá vem a louca da Cecília outra vez". De fato, começo a compreender que não vim a esse mundo pra ter que agradar ninguém. A maturidade de uma balzaca me faz ser mais segura e acreditar mais naquilo que penso, apesar de sempre ter sido cara de pau. Me acho honrrada de ter estudado na Escola Livre, não tenho dúvidas que me pontencializou a criar. Já no último ano de curso, criei uma performance que me senti muito à vontade. Aliás, a performance já estava dentro de mim. No espetáculo"O Arquiteto e o Imperador da Assíria" acho que veio à tona essa vontade plástica e física. Ouvi uma vez de Mariana Senne: "Cecília você é muito estética"... Okkkk, ok outro dia falamos desse contexto de redescoberta... Chato né? Ficar terapeutizando a internet...
Um dia indo pra casa da Thais Navas em Sto. André eu e Sofia passamos no Carrefour e lá a piscina estava na promoção. Comprei, claro. Em julho de 2009 precisamente no dia 21/07/2009 comecei a criação. Consegui um espaço ao lado do escritório do Satyros e ali durante três vezes por semana das 14 às 17:00 estava eu e a piscina nova. Mas, evidentemente, ouve um movimento anterior. (O trabalho basea-se num conto que escrevi há uns cinco seis anos atrás chamado "A Piscina" o qual tenho ainda a intenção de filmar um curta. E posteriormente, descobri o Bauman que veio a ser o contraponto a partir do seu livro "Amor Líquido"). Então já tinha um caminho, era preciso só começar a fazer sem filosofar demais. Aí comecei. No começo empolgante percebi que a piscina criava várias possibildades e a maioria que me inspiravam eram visuais... Totalmente sem noção por onde começar, muitas vezes, acabei adormencendo dentro do objeto. A verdade é que todo esse processo foi tão genuíno e eu mesma pude descobrir e sentir as necessidades. Em meados de agosto me senti sem forças e sem norte para continuar. Concluí:"Sozinha não consigo, preciso de diretor"
Isadora apareceu quase um mês depois disso... Se passaram 5 meses e estamos juntas querendo colocar o trabalho à vista, não mais à prestação. O processo está aí. Atualmente conseguimos a sala Arquimedes na FUNARTE e estou ensaiando todos os dias de 9 as 14:00. Estou super animada. O trabalho está crescendo e eu também.
A partir dessa retrospectiva importante, que não é tudo , mas aos poucos vou me sentindo à vontade para detalhar, começo a escrever meu DIÁRIO VOLÁTIL. Talvez seja uma maneira de concretizar aquilo que penso ser mas não é. Vou tentar exercitar esse arquivamento do processo que pode ser útil mais tarde, ou de repente, não será porque o que é volátil não deve ser tão importante...

Soo....caminhemos-nus

Hoje dia 22 de fevereiro.

Acordei as 7 da manhã. Ansiosa. Muito ansiosa. Cheguei na Funarte por volta das 9:30. Precisava de chão e respiração. Fiquei uns 7min tetando uma meditação, o olhos quase saltavam das pálpebras. Conter a ansiedade talvez meu maior desafio, inclusive pra vida. Não dá pra estar presente em cena com a cabeça latejando de tantas coisas. Lembrei do Artaud dizendo que no ator o corpo é apoiado pela respiração , ao contrário do atleta, em que é a respiração que se apóia no corpo. Parei pelo menos, tentei sem conseguir. Isadora chegou, me acalmei. Conversamos coisas triviais e pessoais, me distraí um pouco. Voltei forte. Fizemos uma passada, por mais que eu tentasse relaxar e esvair os pensamentos senti a cabeça ainda pesada. Os movimentos não estavam fluindo como é para ser, senti uns trancos e os movimentos meio secos sem acabamento, meio grosseiros. Apesar de tudo não tive pressa e tentei saborear os tempos. Já tenho clareza de cada movimento e segurança em executá-los. Tive que lidar com os improvisos técnicos da piscina que, frequentemente, quebra uma perna ou outra. Tenho que aprender a lidar com eles, no entanto, dependendo podem prejudicar o espetáculo. Ou seja, tenho que conseguir um patrocinador para a piscina

Isadora pontuou exatamente esse truncamento das passagens, me chamando à atenção para a permanência do estado de liquidez, como se a cada passagem um movimento se dissolvesse para se tranformar em outro naturalmente.
Ensaio fechado. MC²

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