quinta-feira, 10 de junho de 2021

 


      O amor não é sobre sobre se amar,  o amor é sobre o quanto se amar reflete no "outrem"


sábado, 23 de maio de 2020

[17:06, 16/05/2020] Maria Cecília: Como vai e vem eu vejo o fim
[17:06, 16/05/2020] Maria Cecília: O fim que pode ser começo
[17:06, 16/05/2020] Maria Cecília: de um tempo, de vidas
[17:07, 16/05/2020] Maria Cecília: meu embalo é tímido sobre o o tecido que abraça meu corpo
[17:08, 16/05/2020] Maria Cecília: Vejo a cidade ainda viva
[17:08, 16/05/2020] Maria Cecília: como meu corpo
[17:08, 16/05/2020] Maria Cecília: como meus cabelos que mudam de forma e de cor
[17:08, 16/05/2020] Maria Cecília: como o calor que desfaz sob a pele úmida
[17:09, 16/05/2020] Maria Cecília: Dá pra ouvir ...
[17:10, 16/05/2020] Maria Cecília: gargalhadas de infância pedindo emoção no balanço
[17:11, 16/05/2020] Maria Cecília: Era bom ir e voar se tocar a sola dos pés no ladrilho frio
[17:14, 16/05/2020] Maria Cecília: É bom ser passado quando futuro escorreu de ausência....
[17:14, 16/05/2020] Maria Cecília: ( acabo depois )

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Damas


Início de maio 2020

Dois aposentados, velhos amigos,  quase todos os dias se encontram na praça para jogar dama.
Justino é viúvo há pouco tempo. Ele sempre tem roupas bem passadas e pisantes lustrados, seu cabelo é usualmente penteado para trás. Carrega no bolso um daqueles pentes de plástico comprados em armarinhos de coisas antigas. Percebe-se que o objeto é gasto mas ele sempre faz questão de limpá-lo. Acompanhado do seu pente, no bolso de trás da calça carrega um lenço também bem passado e engomado. Gosta de vestir com um pulôver cinza, calças de alfaiataria passadas com friso, cintos ajustados. Gosta de usar colônia de alfazema e relógio de pulseira metálica também ajustado no pulso.

Sebastião é casado com Tininha, a merendeira da escola. Se veste com certo desleixo. As sandálias de couro amassadas pelos calcanhares rachados e encardidos. As calças sempre estão caídas para baixo do rego da bunda, mostrando as curvas dos quadris quando as partes de cima são sopradas contra o vento. Nem sempre está de cinto. Gosta de camisas mais largas. Os óculos quase na ponta do nariz  parecem terem grau em demasia para seu tamanho de rosto. Os cabelos são curtos não rentes ao cocuruto mas de tamanho suficiente para estarem sempre desalinhados como se acabasse de levantar da cama. A dentadura às vezes aparece em sílabas na boca entreaberta dos fonemas.
 Os dois velhos amigos tem lugar garantido na praça, as chegadas são sempre por volta das 9:00 da manhã. Sebastião é um ganhador do jogo, quase invicto, poucas vezes Justino o superou.
Justino é o primeiro a chegar. Sebastião só aparece depois de tomar uma média na lanchonete do Rocha na esquina da praça. Justino sempre o espera ancorado na placa de proibido estacionar, lendo o jornal popular distribuído gratuitamente. Tem dias que o amigo sai do bar sem a média mas com uma branquinha na cabeça. Nesses dias já sai gritando da lanchonete:
   - “ A vida é boa mas não presta”!
Justino do lado de lá da rua, só abana os braços e responde.
“Ohh maldito! Rapadura é doce mas não é mole não!
 Os dois caem na gargalhada.
Sebastião quando se aproxima é sempre palavras aleatórias que saem, como se encontrasse alguém íntimo mas com o protocolo dos cumprimentos de cavaleiros.
E numa fungada de respiro curto

---- OHhh bom sô!!!!
Justino sempre se queixa alegre que o amigo não o convida para o melhor momento do dia.
Os dois descem pelos canteiros centrais da praça em direção a mesa de cimento com tabuleiro pintado. É Justino quem carrega a sacolinha de pano preta com as peças do jogo. Os dois ajeitam a calça para sentar, sempre um de frente para o outro.
    Justino e Sebastião conversam sobre família, contam causos e sempre falam de seus desejos e sonhos.
Sebastião sempre reclama do mundo de hoje, diz que seria bom mesmo é dar no pé da cidade, ir para outro canto do mundo.... Justino acompanha o desejo do amigo, reclama da solidão e diz que não falta muito pra partir para uma melhor....



Minha Dramaturga


Isso foi escrito em março de 200

Mana ,
Eu pensei muito se escreveria para você ... de repente poderia parecer que eu sou um espécie de puxa saco ou até não sei o quê ... o fato é que foda-se o que as pessoas pensam não é mesmo? Ficar levantando sua bola parece pouco pelo nível de mulher diva power que você é. Confesso que você é a dramaturga que mais tenho proximidade, apesar de ser um ótimo exercício pesquisar sobre outras. Mas antes mesmo de tecer elogios e dizer que você é uma grande inspiração e guardiã eu tenho que me desculpar por várias coisas. Uma delas é o fato de não ter tido competência para apresentar o texto da Piscina com a investigação que ele demandava. Quando nos conhecemos foi um suporte gigante para meu momento de renascimento. Você chegou naquele café já como a entidade que é. Me acolheu com os olhos mais atentos, escutou meu melodrama sem julgamentos, gargalhou no seu Exu me trazendo a esperança perdida, os cacos foram colados com super bonder no mesmo dia e comecei a perceber nocvas formas. Algumas horas depois você me envia o texto cheio de bolinhas no teto, sapos, mangueiras, inundações, cartões de visita, salto alto sem salto. Ahhh o  escafandrista dourado... Era síntese, mas era partida também. A mostra começou na Cia. Do Pássaro e  as palavras emboladas na boca eram como oração, começavam estranhas e lentas e eu já nem sei pra onde eu ia. Confesso que era difícil submergir daquele mergulho de fato, você me visitou em sentidos em poucos flashes, enquanto isso minha vida estava 36 degraus abaixo literalmente, naquele apartamento as estruturas eram frágeis demais para avançar sem recuar, mesmo nômades ou viciados era preciso dar conta da pedra no caminho. E o PSCI in À ficou suspensa até hoje. Ás vezes em nossos encontros tenho vergonha de falar do meu fracasso naquele momento, assim nunca mais conversamos sobre o trabalho. No entanto, tantas coisas aconteceram, você explodiu eu me recolhi como era preciso. E quando retornei  à São Paulo encontrei a dramaturga referência, super agendada, imersa no engajamento das lutas. Em um ano e meio, o alcance da Dione era meteórico. Foi um orgulho tão grande! Apesar da vergonha ainda escondida, consegui driblar minha covardia porque já era outros tempos. Tempos que passaram muito rápido pra você eu imagino. Alguns encontros marcantes depois, assim como o dia que você conheceu o Mia Couto e eu conheci a  Dione adolescente com os olhos brilhantes e o coração na boca. Foi o dia que fomos cuidadas pela Didi. Depois disso, o encontro atravessando a Brigadeiro Luis Antônio.
   Dione vou publicar um livro e você vai escrever o prefácio.
Ei-lo ai e eu aqui nessa nave mãe, a Escola Livre que tanto me educou durante 4 anos. Me mostrou que mestres e aprendizes são diferentes de alunos e professores, me ensinou formas de resistir, me ensinou o valor da criação coletiva. Aqui foram os anos dourados. Quem sabe esse retorno será anos dia amantes ?
E pra que tô nessa nostalgia toda?
Porque eu tô tentando entender a dramaturgia. Pessoas já são dramaturgias potentes e quando olho pra sua trajetória eu sou capaz de aprender mais pela presença, porque vejo além da obra. Eu realmente,  não sei onde separa essas coisas.
Pode soar algo tão egoísta orbitar no próprio umbigo. Mas é de onde costumo colocar minha luneta para enxergar o mundo. E nem sempre esse canto escuro e confortável é o melhor ângulo, você sabe ... Tô tentando me despregar dessa casca e sinto que nessa jornada você é Shiva apontando vários caminhos. Reconheço sua escrita nos poros e isso me alimenta ainda mais.
Essa fricção de corpos... acho que o caminho é por ai. (suspiro)
Essa carta não termina aqui. Só vou botar um ponto sem final, por enquanto. Tô na pausa sem drama mas em ação.
Fiquei pensando na Piscina sem água.


Hoje 13/05/2020 e...

Escrevo ... assim me alivio...

Imagina o mundo acabar ... essa é  sensação ... são dias de confinamento desde meados de março. Pra ser precisa uma semana depois do dia 11/03 , isso é 18/03. Desde então o mundo ruiu com COVID 19. Eu sempre disse que nasci em época errada, taí prova mais concreta impossível. Eu sou filha da revolução sexual, quis ser hippie e amei demais. Não vi guinomo nem duendes, talvez  isso me denuncie como prova dessa realidade crueal chamada sec . XXI , bosta pura. Não posso reclamar, claro! Tô aqui pra sentir o vento na cara , fui feliz em um passado distante e tô feliz há uns 2 anos. Encontrei aquilo que busquei durante um tempo, principalmente no lado afetivo. Mas a porraw do mundo profissional, aliás,  me digam o que é isso? Vou passar uma vida inteira perguntando o que é isso? Meu grande conflito é essa coisa , ser profissional. Tem um lado meu que diz ser impossível , afinal, vida e obra se confundem , por outro lado se você não é profissional não é aceita... e como se não parasse aí, vem esse claustro.
   Vamos lá ...
   Artista , 40 anos, gosta de viver intensamente, gosta de gentews, adoro a vida intelectual mas é a pura indisciplina com a leitura, gosto de almoço de domingo na casa da sogra italiana, gosta de sentir, respirar novidade, não consigo escrever quase nenhum texto até o final, sou  feliz vendo céu, lua , sol e animais, abraçando árvores, e também sou muito feliz atuando como atriz. Aparecer é comigo mesma! A vontade é só aparecer e desaparecer mesmo!. Pareço drag queen, tenho bom gosto e gosto das altas intensidades.
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O que faço com tudo isso ?


Pra piorar depois da quarentena tudo dia lembro dos meus sonhos... Antes era um ajo dormindo, apagava e acordava feito celebridade em Ilha de Caras, super leve e rica. Atualmente, lembro sempre ... acordo com a cabeça com 3 terabytes , foda ...

   Passo o dia sofrendo de ansiendade de rede social e de notícias políticas. Nem vou falar o que tá rolando nesse momento na HISTÒRIA , deixa algum/algum  historiadora/historiador  mais inteligente e habilitada (o)  que eu. Eu juro que até pensei em ser Anne Frank , mas me deparei que cheguei aos 40. Meu diário deve constar putarias ? Quem sabe desesperanças? Talvez forçar uma autobiografia?  Opa! Parece bom esse último. Aê você que tentar traduzir essas palavras, não esquece de dizer que agora tô feliz porque tomei um litro de vinho, tá ?

  Beijo na bunda e até segunda
                                                              MC²

26/04/2017

Gabriel hoje é seu dia!

Muito tempo se passou e ainda sinto amor por você.  Desejo onde estiver felicidades mil. Aprendi muito com você, principalmente, aprendi com você que preciso antes de tudo me amar. Talvez você tenha sido premiado para me ensinar sobre a vida. Sofri mas vivi sem mentiras,  sem afetação. De alguma forma escolhi este caminho e ainda tenho coragem para trilhar mas confesso que sinto sua falta ou pelo menos sinto falta dos momentos felizes que estive contigo, sinto falta se ser quem eu era. Me tornei muito dura ultimamente mas acredito que há um propósito tudo isso.  Esse amor é pra vida toda... eu bem sei... Espero que estejas feliz, eu só quero o seu bem e sei que um dia vamos nos reencontrar. Talvez para formalizar essa separação de vez ou quem sabe para nos perceber como amantes e amados.


Hoje é o aniversário do homem que mais amei na vida... opa !talvez tenha que reformular a frase :
Hoje é o aniversário do homem que idealizei e sonhei um projeto de vida que não deu certo.
Sem, dúvida é uma linda história de amor.
Em 2009 eu estava ganhando dinheiro com publicidade e em um processo de montagem no Club Noir. Eu também fazia terapia. Não estava mal mas também me sentia muito carente e cansada dos encontros casuais, já estava só há cinco anos. Consegui uma promoção para Buenos Aires e era o pretexto para abandonar aquele processo pesado cheio de energias ruins (era uma puxação de saco sem fim e abuso de autoridade). Disse a Juliana Galdino que estava indo filmar um longa em Buenos Aires, naquele momento não poderia sair por menos, ela inclusive, disse que poderia voltar para a próxima montagem.
Buenos Aires foi uma das melhores investidas em mim mesma, parecia que havia me libertado daquela vibe ruim e estava livre ... nunca vou esquecer quando tomei o ônibus para o aeroporto de Guarulhos... Havia reservado um hotel mas nada muito planejado... E, de fato, foi o melhor não ter planejado... Logo na chegada me frustrei com o hotel, caro, velho e acima do preço que poderia pagar ... Como amo explorar lugares que não conheço!.... Consegui um hostel por um preço mega barato com uma galera jovem e animada, conheci pessoas especiais lá, um mexicano fofo; Hiran e depois seu companheiro de viagem, um americano Chris Macdonald que viajava já há mais de um ano, quase tivemos um affaire mas estava me amando tanto que fui capaz de dizer não. Eu pude flanar pelas ruas de Buenos Aires leve e solta, sem compromisso em conhecer nada, simplesmente, fiz que sentia vontade. Nos dois últimos dias mudei de quarto, fui me alojar com umas colombianas. No último dia, voltando de um lanche com as colombianas, conheci Gabriel. Ele estava com uma peruana. De fato, me senti atraída por aquele homem bonito mas confesso que não pensei em nenhum tipo de paquera, afinal, estava tão bem comigo. Só queria passar a noite no bar até a hora do meu voo pela manhã. Esse encontro breve se desfez, acompanhei as colombianas até o bar. Ali, mesmo nos separamos, preferi ficar no bar bebendo uma caipirinha. Feliz e de bem com a vida atrai olhares, dois argentinos se aproximaram e investiram... Mas Gabriel se aproximou perguntando em português pelas colombianas ... Começamos uma conversa que até esqueci os argentinos... O tempo passava sem percebermos... falamos do Brasil, do meu trabalho como atriz, do PISC in À ... Em algum momento da noite Gabriel disse que precisava ir embora porque seu pai chegaria no dia seguinte para encontrá-lo ou algo parecido para irem a um show. Com umas caipirinhas cabeça fui corajosa o bastante para dizer que ele poderia ir a hora que quisesse e que iria no banheiro quando voltasse se ele ainda estivesse ali não deveria mais dizer que precisava ir embora. E assim o foi ele lá estava ... Dançamos, nos beijamos, nos pegamos.  Eu disse para subirmos, deveria pegar minhas coisas já era tarde e em pouco tempo seguiria para o aeroporto. Gabriel pediu que eu esperasse na escada, já estava cochilando quando de sobressalto em acordou chamando para ficar em lugar reservado. O lugar era um depósito de lixo, a sorte que não estava tão cheio. Ali senti seu pau grande e rijo na minha boca, sentia o gosto de um touro. Ele vestia uma camisa xadrez azul parecia um peão, o chupei com tanta vontade que acho que aquele dia gozei sem ser quase tocada. Aquele homem grande, bonito me envolvia depois do gozo em seus braços. Mas rapidamente nos despedimos, o tempo já era curto e precisava embarcar em algumas horas. Contatos trocados, uma única noite intima com alguém, regressei para o Brasil tão feliz comigo, havia me superado.
  Já era fim do ano, eu e Gabo conversávamos pelo msn, era algo amigável. Como sempre gostei dos estrangeiros estava tranquila com aquele contato, pensando que a distância a qualquer momento dissolveria tudo. Afinal, sofria por amores líquidos, já estava descrente em qualquer relação.
 Gabriel me contou que viria para o Brasil no Réveillon, passaria em Floripa. Eu estava em Vespasiano imaginando o quanto poderia estar se divertindo. Voltei para Sampa, estava aparecendo trabalhos. Um dia recebo um e-mail de Gabriel dizendo que viria a São Paulo, não pude acreditar muito. Conversei com Lilian e ela me disse para acreditar porque ele estava mesmo decidido a vir. Essa noite quase não dormi. Receberia um estranho na minha casa, e ao mesmo tempo, um homem que desejava.
Estava numa fase tão bem comigo que apesar do frio.... quando fui buscar o cara na rodoviária e, lógico, que senti um negócio esquisito afinal ele é ou era um homem muito bonito estava bronzeado de sol , com uma mochila nas costas e de chinelos havaina ... levei ele pro 4x4 e disse que precisava sair para trabalhar ... quando voltei ele estava estirado dormindo na minha cama... dei de cara com um homem lindo na minha  cama ... você não sabe o que é isso ? foi uma sensação muito louca ...  como não dei muita atenção quando ele chegou ... assim que cheguei ... fiz o mínimo de barulho mas era impossível , o 4x4 era 20 m² ... e foi assim, o cara contou suas aventuras e andanças de chileno havaina pela cidade, me deu um presente , desses vidros, pequeno frasco com areia esculpida com delicadeza... achei fofo (veja como somos nos vendemos por pouco) mas na verdade era a admiração de uma viagem super cansativa talvez 16 horas para chegar ali de ônibus , claro que fiquei impressionada ... havia um esforço ...tudo bem que podia ser para turistar ... mas ele estava ali naquele momento... e foi assim que e sem mesmo perceber já estava em seus braços com os lábios colados derretidos em delícias que não se explicam , e assim pela vida afora... pessoas que te tocam como nunca ... em momentos plenos ... é eu estava muito bem ... escolhendo cachês , fazendo muitos testes, me sentindo potente, decidida , feliz com meus projetos (PISC in À ) , enfim , estava entregue e segura ... sem expectativas mas intensa em cada segundo. Foi assim que transamos depois dele me contar que as havainas haviam ferido seus pés de tanto andar. Mágico no mínimo mesmo sabendo que o cara estava vindo do réveillon em Floripa, terra das serias e gente muito bonita ...Mas logo percebi a simplicidade nos gestos, no jeito de se vestir e ser ... Era uma simplicidade quase ingênua, dessas de querer descobrir trajetos e histórias ... Ficamos internados no 4x4 se amando ... não me lembro bem de quanto dias esteve ali deixando seu cheiro nos meus lençóis , alguma coisa acontecera que não nos desgrudamos ... se não me engano havia me queimado com água de café e estava com curativos... me lembro de passeios pelo parque do Ibirapuera, só ... talvez ele tenha me acompanhado em algum teste mas não me lembro de tantos rolês ... foi coisa de cama mesmo e pele, nesses dias talvez tenhamos tirado nossa primeira foto pelados ... uma foto linda inclusive ( ver foto) . Parecia que éramos íntimos... e me lembro que acabei comprando sua passagem de avião porque era mais barato... e , se não me engano, ficou de ressarci-la. Triste de mim que acabei sendo um espécie de provedora na relação ... mas confesso, estava tão encantada  e  achava que aquele homem era um presente ... pois eu nos últimos tempos rezava para não me aproximar de homens que quisessem me usar ... Eu pedia em orações e meditação , todos os dias um homem bonito, inteligente e que eu amasse  e fosse o grande homem parceiro da minha vida  juro que pedia essas coisas para o universo ... e ali, naquele exato momento da minha vida , achei que era a própria carnificação daquilo que desejava...

Mal esperava a moira que me assombrava. 
Na verdade não quero mais lembrar do drama ... escrever é registrar as memórias e que estas estejam entre as melhores... e que venham muitas 


Diário 2

24/04/2017

 Em 2013, após minha separação, uma amiga que estava me dando suporte me chamou para sair um pouco, ir em uma balada, tomar algo... ainda estava mal ... mas fui ... tão logo voltamos e dentro do taxi falávamos sobre dar a volta por cima e sobre como ainda estava dolorido. O taxi deixou ela na sua casa e quando fui sair do carro o rapaz, um moço até bonito e simpático me pediu um beijo. Na verdade não foi tanto assustador o seu pedido como talvez outra mulher poderia achar assedio e tal. Ao contrário, o questionei, queria compreender o porquê daquele desejo repentino. Comecei dar sermão dizendo que ele não precisava sentir dó de mim... e, assim, começamos a conversar... fiquei imaginando que aquele era um truque do cara para pegar as minas... mas em momento algum me senti objeto, evidentemente, tive medo mas estava tão carente que acreditei naquele momento nas palavras dele. Por fim, beijamos e nos pegamos dentro do taxi. Óbvio que esquentou o clima mas disse que precisava entrar, trocamos telefone e assim o fiz. Fiquei com medo da minha casa ser assaltada ou coisa do tipo mas ele me ligou e foi fofo. Alguns dias se passaram e ele me convidou para tomar uma cerveja, neste dia me contou tudo. Era casado mas seu relacionamento estava já no fim, rolava uma identificação comigo certamente, o escutei sem julgamentos, afinal um turbilhão passava na minha cabeça, não era capaz de acreditar nem desacreditar em nada. Nesse dia, o clima esquentou um pouquinho mais, de cara percebi que o moço não estava tão animado quanto eu. Mesmo assim, fomos para o quarto e nada.  Já sem paciência mandei ele ir embora, fui agressiva e grossa dizendo... “Eu só quero que você me coma se não é capaz vai embora logo” e ele foi. Eu não quis mais vê-lo mas ele ainda insistiu durante um tempo. Passado algum tempo recebo um telefonema era a mulher do cara.
 “- Você não me conhece sou a fulana...  sicrano me falou de você, disse que você é psicóloga e que o escutou.... Eu estou te ligando para saber mesmo se rolou alguma coisa entre vocês ... Nosso casamento não tá bem mas preciso saber...”
Imagina o bafo: Você está na pior, acaba se envolvendo com taxista e a mulher descobre.
Covardemente, respondi que não tive nada com ele, afinal, estava deprê pelo fim de um relacionamento e só conversamos sobre isso. Lógico que depois o taxista me procurou para saber da conversa, pedi para ele nunca mais falar comigo, não era mulher de se envolver com homem casado... Meses depois ele me procura, dessa vez separado de vez, já havia se mudado... Sem julgamentos aceitei aquela reaproximação amigável. Minha intenção não era nada a não ser amizade, e assim o foi. Logo percebi que o cara estava mais perdido que eu, tinha cocaína na parada, dívidas, muita agitação. Ele como eu estava tentando preencher um vazio, buscava em mim um colo e carinho, não duvido que houvesse admiração. Tentamos ficar juntos algumas vezes e não foi tão ruim. Acabamos nos tornando amigos, me afastei quando sentia que a vibe dele não estava boa mas ainda assim sempre mandava mensagens carinhosas querendo encontrar. Quando fui pra França pedi que me levasse no aeroporto.  Um tempo depois nos reencontramos, Carina uma amiga de Vespasiano estava em casa, fomos a um restaurante mexicano no Belém, talvez tenha sido a última vez que nos encontramos de verdade. Passados alguns anos o descobri no facebook, parece que está bem como todos parecem estar. Ahhh mas a história não termina aí ...

Uma relação leva a justificativa de término da outra. Não gostaria de começar a contar minha história com Ricardo pelo fim mas ... talvez eu possa começar

Em 2014, consegui um emprego em uma loja no shopping Cidade Jardim parecia que as coisas estavam melhorando. Ainda nessa época usava  muito o Tinder, conheci Ricardo, lembro que a foto que me chamou a atenção, era ele na bike com uma camiseta enrolada no rosto pra tampar o fedor da pista da Marginal Pinheiros... Eu iniciei a conversa com um aceno estranho(nessa época adorava experimentar conversas malucas nesse aplicativo)
- Glovsk !!!
 E ele repondeu: “Bem vinda Maria!”

Foram 3 semanas de criação fantástica poética. Chegamos em um grau de sinergia completa, considero que criamos uma intimidade tão linda através das palavras que só elas nos bastavam, foi uma relação de amor muito diferente e bela. A conversa na íntegra pode se conferir no meu blog com o título “ Da mais pura beleza”. Um dia nos encontramos, me frustrei um pouco por acha-lo baixinho e com uma cara de menino. Naquela noite mesmo topei em ir para sua casa. Ricardo me lembrava o Cris Micróbio um palhaço por quem me apaixonei as 19  anos, uma figura dessas que você só encontra em literatura; sensível, criativo, poeta, desses que tem uma luz ... diferente. Ficamos tarados um com o outro, depois de muito tempo um homem sentia tesão por mim e era forte o que ele sentia... seu pau não era dos maiores mas foi o pau mais duro que já comi. De tão duro ficava machucada... mas ainda assim a lembrança que tenho era de conseguir uma troca muito gostosa na nossa intimidade . Ricardo tinha cheiro de casa de vó e seu romantismo me encantava.  Me acordava com o café na cama. Confesso que minha cabeça ainda voava pensando em Gabriel e ainda doía muito. Sentia uma espécie de ressentimento e raiva. É claro que contei minha história, desabafei e chorei. Ricardo também estava separado há algum tempo (me contou que era 4 meses mas um tempo depois soube que era apenas 2 meses). Em pouco tempo se relacionando, Ricardo já estava confuso... era final de ano...aquela melancolia eu não queria ficar só. Ele se afastou dizendo que precisava ficar com sua família que estava em sua casa passando férias. Eu compreendi e deixei que se tempo fosse respeitado. Passado Natal sugeri para passarmos juntos o Réveillon, não obtive resposta animadora, mas de repente Ricardo me convida para passar o fim do ano em um sítio naturista, topei na hora.
Minha performance na loja durante o Natal não foi boa, vendi pouco e tive que aguentar umas caras de cu... já pressentia que algo ruim estava para acontecer. Quando saí da loja no dia 30 para o feriado sabia que eles me mandariam embora, mas a viajem estava programada e depois de muito tempo estava feliz em passar o Réveillon como meu namorado.
Foram dias maravilhosos ... com o Ricardo tudo era diferente parecia que me conhecia há anos e estávamos sintonizados na mesma frequência fora da Terra.  Nunca vou esquecer esses dias ... celebrar o ano que nascia pelados, com todo mundo pelado... ainda posso sentir a luz desses dias de descoberta e alegria.
Na volta, eu acabei sendo demitida mesmo. Ricardo em alguns encontros estava estranho, discutimos algumas vezes. Voltei a ser corretora de imóveis trabalhando nos fins de semana. Trabalhei em um lançamento no carnaval. Ricardo me chamou para ir em um show no Largo da Batata, disse que iria mas chegaria tarde por causa do trabalho. Já era 9:30 pm quando consegui chegar com os meninos que moravam comigo no local marcado. Não consegui falar com Ricardo e depois de um tempo o encontrei com outra menina. Certo que estavam juntos, minha noite acabou, fui embora despedaçada. Ricardo me ligou no dia seguinte pedindo desculpas e dizendo que iria para Curitiba ficar com a família, ali estava acabado.  Um hiato até abril, uma noite senti saudades e enviei uma mensagem sem ressentimentos dizendo que o amava e assim seria para sempre. Foi uma frase de alívio como se eu quisesse que ele soubesse que estava desculpado... Voltamos a conversar.... Ricardo quis me ver ... me convidou para ir no show do Amado Batista em um arrasta pé ao lado da Praça 14 Bis. Foi uma noite de desejo e alegrias .... fiquei  bêbada rapidamente, quando o show começou estava louca e pedi pra ir embora... Noite intensa, matamos a saudade ... Pela manhã Ricardo estava estranho e eu o senti. Confessou que olhou minhas conversas no whats app e viu uma mensagem de um convite para ir para o Rio de um cara (o taxista da história anterior)... O curioso era que eu realmente viajaria para o Rio para fazer um teste na Record ou algo parecido mas não contei para ninguém nem gostaria que ninguém soubesse porque não queria gerar expectativas...Coincidentemente recebi essa mensagem do taxista que não o via há tempos. Tive que contar para Ricardo que não tinha nada a ver, era uma coincidência, inclusive, contei quem era e como tinha conhecido ele...Mais uma vez ser franca era me jogar pelo ralo. Ricardo criou histórias ... e não acreditou em mim. Quando voltei, um dia pelo telefone disse que não queria mais me ver ... e, assim, sem nenhuma novidade de como termina as relações, terminou sem razão ... ou talvez ele tivesse razões porque alguns dias depois, convidei pessoas para uma performance na Av. Paulista e ele apareceu para fazer o registro em vídeo, trouxe uma amiga ... senti que havia algo ali entre eles ... Ricardo mandou o material da edição e disse que se desconectaria para sempre ... e assim o fez ... nunca mais soube nada a respeito. Suspeito que ao saber a história do taxista tenha me julgado da maneira mais machista e grosseira... tenho essa impressão, e acredito que foi o que desencadeou seu desinteresse.  Alguns dias atrás sonhei com ele e foi bom.

Diário


18/04/2017
Quando a vida te encurrala... mas te oferece uma saída e você acredita... na verdade é tudo que você acredita, nessa única saída. Moro em Minas em um sítio há 1 ano e 4 meses e, não vejo a hora de ir embora daqui. Eu sou do mundo... eu gosto de experimentar coisas novas, desafios, mesmo já em uma fase exigindo mais quietude. Eu acredito que a minha saída é a minha dedicação no espetáculo "gostôsa", até parece que a vida me encaminhou pra cá, exatamente para conseguir realizá-lo da maneira que tem que ser, assim como imaginei. Curioso esse processo que vem agregando pessoas pelo interesse de estar, pela vontade e desejo de realizar esse sonho... e, realmente, eu sonho alto, é essa condição que me faz voltar às origens, rever-me para avançar. Mas como resisti a esse movimento! Foi árduo, dolorido, e ainda é ... Escrever alivia sempre.
Essa noite sonhei com Ricardo Rafael, foi um sonho dramático mas lindo... como é bom quando lembramos só das coisas boas, talvez tenha sido inteligente terminar como terminou, e assim acredito que ele também deve recordar coisas boas. No sonho ele me dá de presente a clipagem do "gostôsa", notícias e matérias do trabalho. No sonho eu senti que ele vibra e torce por mim, senti sua alegria e contentamento. A sensação que tive foi que ele ainda acompanha meus passos... que de tudo ainda admira a artista. Eu ando pensando em abrir esses escritos terapêuticos, mas tenho medo que todos descubram a verdade verdadeira... afinal, se trata de um diário eletrônico. Por outro lado, ando pensando em escrever sobre os homens que passaram em minha vida... Contar as intimidades mesmo, mas de uma maneira doce e provocativa.
Vou tentar começar por trechos que vou lembrando

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18/04/2017

Já faz 3 meses que começamos a ensaiar o espetáculo "gostôsa". Como qualquer processo feito no peito é demorado. Somos uma produção independente buscando recursos para essa realização. Recentemente tentamos um financiamento coletivo no site Benfeitoria mas foi um fracasso. Descobri que o site não faria nada, nem mesmo a divulgação para seus sócios a não ser que a campanha atingisse 40 % da meta. Tempo e energia perdida, afinal poderia ter dado uma potencializada no site na aba de apoios. A montagem está muito legal e eu me sinto completamente contemplada na direção do Marcelo do Vale. Em janeiro de 2016 eu o procurei para convidá-lo para direção, mas ele insistiu que devêssemos ter uma dramaturgia acabada. Durante o tempo seguinte a este encontro procurei várias mulheres dramaturgas, todas indisponíveis para esse trabalho. Cheguei a fazer um curso de dramaturgia no Galpão Cine Horto com objetivo de alinhavar e costurar o material, minha ansiedade já era tamanha nessa época. Curiosamente, criei vários textos mas retomar a escrever o gostôsa era algo que estava bloqueado como se pra mim já tivesse exprimido o supra sumo ... Em agosto  de 2016 eu e Marcelo nos reencontramos na montagem do espetáculo " A Paixão Segundo Shakespeare", dirigida por Pedro Paulo, ali retomávamos nossa conversa do início do ano com uma diferença, nossa aproximação e convivência. Em 2 meses de ensaios, cúmplices e parceiros de cena nos papeis de Lady Macabeth e Macabeth pudemos trocar confidências, pensamentos... essas trocas já era o start do nosso processo de montagem. Meados de novembro Marcelo sugeriu abir o processo apresentando o material performático já criado para  aproximadamente umas 15 mulheres. Foi um dia especial, pois, ali se comprovava a potência do tema, houve uma discussão inflamada. Ao fim de 2016 decidimos iniciar os ensaios, a dramaturgia foi amarrada por Marcelo através da inspiração nos monólogos de Simone de Beauvoir. Em fevereiro começamos os ensaios no teatro Nair Fonseca em Vespasiano, vamos estrear em São Paulo em agosto desse ano (2017) na SP Escola de Teatro. Cícero, cenógrafo e parceiro de Marcelo também se integrou no grupo e hoje estamos em processo de montagem criando e testando cenário, figurino e tecnologias. Sim, o espetáculo gostôsa é cheio de mídias visuais, isso vai de encontro também com ideia transmídia do projeto; espetáculo, vídeo-documentário e site interligados, conectando usuário, público, internautas e protagonistas desse tema.
 Eu me lembro em 2015 quando o material cênico foi testado pela primeira vez em uma oficina de criação com Janaína Leite no grupo XIX de Teatro. Seus comentários a respeito da apresentação foram voltados para a necessidade de trazer o mundo virtual para a cena, sua sugestão era que o blog (na época era um blog) estivesse conectado com a cena, fosse como recurso ou até mesmo como um personagem que linkasse a literatura erótica. Aí está essa sinergia, o trabalho realmente caminhou literalmente para o mundo virtual como até mesmo um protagonismo das ações, espaço, tempo e circunstâncias

24/04/2017

 Tudo partiu de uma crise pessoal após o término de relacionamento em que me vi devastada, completamente perdida. Durante uma profunda depressão elegi a frase dita por “ele” em uma das nossas discussões: “Você não é gostosa”. De alguma forma essa frase me acompanhou como um álibi para a culpa que sentia.  Emagreci bastante e sentia fisicamente uma dor incomparável. A dor era na alma mas foi o corpo alvo dos sintomas. Alguns meses se passaram e eu precisava me sentir viva. Precisava provar para mim mesma que era gostosa, busquei prazer com muitos homens, era um desespero, um vazio cada vez maior. Busquei os encontros através de aplicativos virtuais. Quanto mais buscava algo para substituir minha dor mais problema encontrava.  As pessoas que apareciam vibravam conforme aquilo que sentia. É fato que o aplicativo me entretia, mas a medida que gerava expectativas nos encontros, pior eles eram. Eu sempre comparava com o passado e meu desejo era apagar todo ele mas buscando algo ainda melhor. Imaginem a frustração, nada poderia ser igual sequer melhor naquele momento, era uma forma de me vingar também pois nessa época soube que o ex estava apaixonado e namorando com outra. E a frase continuava lá...
- Falar das frases de banheiro
- Como começou as dramorgias
- Performances

 09/05/2017
Espetáculo em pé, rascunho feito até o final. Primeiros testes com as câmeras. Feliz. Não gritar, não ser histérica. Trabalhar ritmos, cores, não deixar down.

01/06/2017
Há umas duas semanas retomamos os ensaios, tivemos imprevistos de outros trabalhos. Hoje foi a primeira vez que passamos todo o espetáculo. Viva !!! como está vivo e em pé. Amanhã vamos comprar coisas para o cenário, estamos caminhando bem, anjos assim como a Kátia Assis e Frederico Rocha aparecerem para agregar, somar e multiplicar esse trabalho. As pessoas que não eram para estar realmente não estão, a vida selecionou e deixou quem, de fato, pode contribuir. Estou muito feliz, há tempos não sentia essa alegria, aos poucos, o que era sonho já é real, simplesmente por insistência e busca... O caminho da vida é esse acreditar e insistir. Como dizia Telma Bonavita ... “Quem insiste, existe”. Essa é a lição, os momentos mais felizes da  minha vida foram e são aqueles que batalhei e acreditei. A minha ida pra São Paulo foi isso,
PISC in À e até no amor... eu insisti...Feliz e agradecida a todos que estão comigo; Marcelo do Vale, Cícero, Marcelo Luz, Taís Daher, Frederico, Kátia Assis... “gostôsa” é uma trajetória mais que um espetáculo...

quarta-feira, 6 de maio de 2020

 Tempos areia movediça...a terra vai descendo coma a força do magma. Necropolítica é o Zaitgeist, Krenac é absolvição. E os sonhos... vão. Vem com a frequência nunca imaginada, nunca sonho foi tão presente que futuro nesses tempos. Sensação de esgotamento, desgosto. Eles estão até hiperinflacionando a taxa do esgoto.  Não pode tá tudo na cabeça, não tem espaço. Aliás espaço é o que não tem mesmo, só retangulo ou 4x4. Quem tem uma abóbada dentro de casa, deveria construir um templo. Sem espírito, não somos, reproduzimos , agora digital, sem emoção fisiológica, só repetição mecânica de autômato. São.
    Essa Terra, esse cascalho, esse extrato de humanidade jaz. MC²