[17:06, 16/05/2020] Maria Cecília: Como vai e vem eu vejo o fim
[17:06, 16/05/2020] Maria Cecília: O fim que pode ser começo
[17:06, 16/05/2020] Maria Cecília: de um tempo, de vidas
[17:07, 16/05/2020] Maria Cecília: meu embalo é tímido sobre o o tecido que abraça meu corpo
[17:08, 16/05/2020] Maria Cecília: Vejo a cidade ainda viva
[17:08, 16/05/2020] Maria Cecília: como meu corpo
[17:08, 16/05/2020] Maria Cecília: como meus cabelos que mudam de forma e de cor
[17:08, 16/05/2020] Maria Cecília: como o calor que desfaz sob a pele úmida
[17:09, 16/05/2020] Maria Cecília: Dá pra ouvir ...
[17:10, 16/05/2020] Maria Cecília: gargalhadas de infância pedindo emoção no balanço
[17:11, 16/05/2020] Maria Cecília: Era bom ir e voar se tocar a sola dos pés no ladrilho frio
[17:14, 16/05/2020] Maria Cecília: É bom ser passado quando futuro escorreu de ausência....
[17:14, 16/05/2020] Maria Cecília: ( acabo depois )
sábado, 23 de maio de 2020
quarta-feira, 13 de maio de 2020
Damas
Início de maio 2020
Dois aposentados, velhos amigos, quase todos os dias se encontram na praça
para jogar dama.
Justino é viúvo há pouco tempo. Ele sempre tem roupas bem
passadas e pisantes lustrados, seu cabelo é usualmente penteado para trás.
Carrega no bolso um daqueles pentes de plástico comprados em armarinhos de
coisas antigas. Percebe-se que o objeto é gasto mas ele sempre faz questão de
limpá-lo. Acompanhado do seu pente, no bolso de trás da calça carrega um lenço
também bem passado e engomado. Gosta de vestir com um pulôver cinza, calças de
alfaiataria passadas com friso, cintos ajustados. Gosta de usar colônia de
alfazema e relógio de pulseira metálica também ajustado no pulso.
Sebastião é casado com Tininha, a merendeira da escola. Se
veste com certo desleixo. As sandálias de couro amassadas pelos calcanhares
rachados e encardidos. As calças sempre estão caídas para baixo do rego da
bunda, mostrando as curvas dos quadris quando as partes de cima são sopradas
contra o vento. Nem sempre está de cinto. Gosta de camisas mais largas. Os
óculos quase na ponta do nariz parecem
terem grau em demasia para seu tamanho de rosto. Os cabelos são curtos não
rentes ao cocuruto mas de tamanho suficiente para estarem sempre desalinhados
como se acabasse de levantar da cama. A dentadura às vezes aparece em sílabas
na boca entreaberta dos fonemas.
Os dois velhos amigos
tem lugar garantido na praça, as chegadas são sempre por volta das 9:00 da
manhã. Sebastião é um ganhador do jogo, quase invicto, poucas vezes Justino o
superou.
Justino é o primeiro a chegar. Sebastião só aparece depois
de tomar uma média na lanchonete do Rocha na esquina da praça. Justino sempre o
espera ancorado na placa de proibido estacionar, lendo o jornal popular
distribuído gratuitamente. Tem dias que o amigo sai do bar sem a média mas com
uma branquinha na cabeça. Nesses dias já sai gritando da lanchonete:
- “ A vida é boa
mas não presta”!
Justino do lado de lá da rua, só abana os braços e responde.
“Ohh maldito! Rapadura é doce mas não é mole não!
Os dois caem na
gargalhada.
Sebastião quando se aproxima é sempre palavras aleatórias
que saem, como se encontrasse alguém íntimo mas com o protocolo dos
cumprimentos de cavaleiros.
E numa fungada de respiro curto
---- OHhh bom sô!!!!
Justino sempre se queixa alegre que o amigo não o convida
para o melhor momento do dia.
Os dois descem pelos canteiros centrais da praça em direção
a mesa de cimento com tabuleiro pintado. É Justino quem carrega a sacolinha de
pano preta com as peças do jogo. Os dois ajeitam a calça para sentar, sempre um
de frente para o outro.
Justino e
Sebastião conversam sobre família, contam causos e sempre falam de seus desejos
e sonhos.
Sebastião sempre reclama do mundo de hoje, diz que seria bom
mesmo é dar no pé da cidade, ir para outro canto do mundo.... Justino acompanha
o desejo do amigo, reclama da solidão e diz que não falta muito pra partir para
uma melhor....
Minha Dramaturga
Isso foi escrito em março de 200
Mana ,
Eu pensei muito se
escreveria para você ... de repente poderia parecer que eu sou um espécie de
puxa saco ou até não sei o quê ... o fato é que foda-se o que as pessoas pensam
não é mesmo? Ficar levantando sua bola parece pouco pelo nível de mulher diva
power que você é. Confesso que você é a dramaturga que mais tenho proximidade,
apesar de ser um ótimo exercício pesquisar sobre outras. Mas antes mesmo de
tecer elogios e dizer que você é uma grande inspiração e guardiã eu tenho que
me desculpar por várias coisas. Uma delas é o fato de não ter tido competência
para apresentar o texto da Piscina com a investigação que ele demandava. Quando
nos conhecemos foi um suporte gigante para meu momento de renascimento. Você
chegou naquele café já como a entidade que é. Me acolheu com os olhos mais
atentos, escutou meu melodrama sem julgamentos, gargalhou no seu Exu me
trazendo a esperança perdida, os cacos foram colados com super bonder no mesmo
dia e comecei a perceber nocvas formas. Algumas horas depois você me envia o
texto cheio de bolinhas no teto, sapos, mangueiras, inundações, cartões de
visita, salto alto sem salto. Ahhh o escafandrista dourado... Era síntese, mas era
partida também. A mostra começou na Cia. Do Pássaro e as palavras emboladas na boca eram como
oração, começavam estranhas e lentas e eu já nem sei pra onde eu ia. Confesso
que era difícil submergir daquele mergulho de fato, você me visitou em sentidos
em poucos flashes, enquanto isso minha vida estava 36 degraus abaixo
literalmente, naquele apartamento as estruturas eram frágeis demais para
avançar sem recuar, mesmo nômades ou viciados era preciso dar conta da pedra no
caminho. E o PSCI in À ficou suspensa até hoje. Ás vezes em nossos encontros
tenho vergonha de falar do meu fracasso naquele momento, assim nunca mais
conversamos sobre o trabalho. No entanto, tantas coisas aconteceram, você
explodiu eu me recolhi como era preciso. E quando retornei à São Paulo encontrei a dramaturga
referência, super agendada, imersa no engajamento das lutas. Em um ano e meio,
o alcance da Dione era meteórico. Foi um orgulho tão grande! Apesar da vergonha
ainda escondida, consegui driblar minha covardia porque já era outros tempos.
Tempos que passaram muito rápido pra você eu imagino. Alguns encontros
marcantes depois, assim como o dia que você conheceu o Mia Couto e eu conheci
a Dione adolescente com os olhos
brilhantes e o coração na boca. Foi o dia que fomos cuidadas pela Didi. Depois
disso, o encontro atravessando a Brigadeiro Luis Antônio.
Dione vou publicar um livro e você vai
escrever o prefácio.
Ei-lo ai e eu aqui nessa
nave mãe, a Escola Livre que tanto me educou durante 4 anos. Me mostrou que
mestres e aprendizes são diferentes de alunos e professores, me ensinou formas
de resistir, me ensinou o valor da criação coletiva. Aqui foram os anos
dourados. Quem sabe esse retorno será anos dia amantes ?
E pra que tô nessa
nostalgia toda?
Porque eu tô tentando
entender a dramaturgia. Pessoas já são dramaturgias potentes e quando olho pra
sua trajetória eu sou capaz de aprender mais pela presença, porque vejo além da
obra. Eu realmente, não sei onde separa
essas coisas.
Pode soar algo tão
egoísta orbitar no próprio umbigo. Mas é de onde costumo colocar minha luneta
para enxergar o mundo. E nem sempre esse canto escuro e confortável é o melhor
ângulo, você sabe ... Tô tentando me despregar dessa casca e sinto que nessa
jornada você é Shiva apontando vários caminhos. Reconheço sua escrita nos poros
e isso me alimenta ainda mais.
Essa fricção de corpos...
acho que o caminho é por ai. (suspiro)
Essa carta não termina
aqui. Só vou botar um ponto sem final, por enquanto. Tô na pausa sem drama mas
em ação.
Fiquei pensando na
Piscina sem água.
Hoje 13/05/2020 e...
Escrevo ... assim me alivio...
Imagina o mundo acabar ... essa é sensação ... são dias de confinamento desde meados de março. Pra ser precisa uma semana depois do dia 11/03 , isso é 18/03. Desde então o mundo ruiu com COVID 19. Eu sempre disse que nasci em época errada, taí prova mais concreta impossível. Eu sou filha da revolução sexual, quis ser hippie e amei demais. Não vi guinomo nem duendes, talvez isso me denuncie como prova dessa realidade crueal chamada sec . XXI , bosta pura. Não posso reclamar, claro! Tô aqui pra sentir o vento na cara , fui feliz em um passado distante e tô feliz há uns 2 anos. Encontrei aquilo que busquei durante um tempo, principalmente no lado afetivo. Mas a porraw do mundo profissional, aliás, me digam o que é isso? Vou passar uma vida inteira perguntando o que é isso? Meu grande conflito é essa coisa , ser profissional. Tem um lado meu que diz ser impossível , afinal, vida e obra se confundem , por outro lado se você não é profissional não é aceita... e como se não parasse aí, vem esse claustro.
Vamos lá ...
Artista , 40 anos, gosta de viver intensamente, gosta de gentews, adoro a vida intelectual mas é a pura indisciplina com a leitura, gosto de almoço de domingo na casa da sogra italiana, gosta de sentir, respirar novidade, não consigo escrever quase nenhum texto até o final, sou feliz vendo céu, lua , sol e animais, abraçando árvores, e também sou muito feliz atuando como atriz. Aparecer é comigo mesma! A vontade é só aparecer e desaparecer mesmo!. Pareço drag queen, tenho bom gosto e gosto das altas intensidades.
.
.
.
O que faço com tudo isso ?
Pra piorar depois da quarentena tudo dia lembro dos meus sonhos... Antes era um ajo dormindo, apagava e acordava feito celebridade em Ilha de Caras, super leve e rica. Atualmente, lembro sempre ... acordo com a cabeça com 3 terabytes , foda ...
Passo o dia sofrendo de ansiendade de rede social e de notícias políticas. Nem vou falar o que tá rolando nesse momento na HISTÒRIA , deixa algum/algum historiadora/historiador mais inteligente e habilitada (o) que eu. Eu juro que até pensei em ser Anne Frank , mas me deparei que cheguei aos 40. Meu diário deve constar putarias ? Quem sabe desesperanças? Talvez forçar uma autobiografia? Opa! Parece bom esse último. Aê você que tentar traduzir essas palavras, não esquece de dizer que agora tô feliz porque tomei um litro de vinho, tá ?
Beijo na bunda e até segunda
MC²
Escrevo ... assim me alivio...
Imagina o mundo acabar ... essa é sensação ... são dias de confinamento desde meados de março. Pra ser precisa uma semana depois do dia 11/03 , isso é 18/03. Desde então o mundo ruiu com COVID 19. Eu sempre disse que nasci em época errada, taí prova mais concreta impossível. Eu sou filha da revolução sexual, quis ser hippie e amei demais. Não vi guinomo nem duendes, talvez isso me denuncie como prova dessa realidade crueal chamada sec . XXI , bosta pura. Não posso reclamar, claro! Tô aqui pra sentir o vento na cara , fui feliz em um passado distante e tô feliz há uns 2 anos. Encontrei aquilo que busquei durante um tempo, principalmente no lado afetivo. Mas a porraw do mundo profissional, aliás, me digam o que é isso? Vou passar uma vida inteira perguntando o que é isso? Meu grande conflito é essa coisa , ser profissional. Tem um lado meu que diz ser impossível , afinal, vida e obra se confundem , por outro lado se você não é profissional não é aceita... e como se não parasse aí, vem esse claustro.
Vamos lá ...
Artista , 40 anos, gosta de viver intensamente, gosta de gentews, adoro a vida intelectual mas é a pura indisciplina com a leitura, gosto de almoço de domingo na casa da sogra italiana, gosta de sentir, respirar novidade, não consigo escrever quase nenhum texto até o final, sou feliz vendo céu, lua , sol e animais, abraçando árvores, e também sou muito feliz atuando como atriz. Aparecer é comigo mesma! A vontade é só aparecer e desaparecer mesmo!. Pareço drag queen, tenho bom gosto e gosto das altas intensidades.
.
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.
O que faço com tudo isso ?
Pra piorar depois da quarentena tudo dia lembro dos meus sonhos... Antes era um ajo dormindo, apagava e acordava feito celebridade em Ilha de Caras, super leve e rica. Atualmente, lembro sempre ... acordo com a cabeça com 3 terabytes , foda ...
Passo o dia sofrendo de ansiendade de rede social e de notícias políticas. Nem vou falar o que tá rolando nesse momento na HISTÒRIA , deixa algum/algum historiadora/historiador mais inteligente e habilitada (o) que eu. Eu juro que até pensei em ser Anne Frank , mas me deparei que cheguei aos 40. Meu diário deve constar putarias ? Quem sabe desesperanças? Talvez forçar uma autobiografia? Opa! Parece bom esse último. Aê você que tentar traduzir essas palavras, não esquece de dizer que agora tô feliz porque tomei um litro de vinho, tá ?
Beijo na bunda e até segunda
MC²
26/04/2017
Gabriel
hoje é seu dia!
Muito
tempo se passou e ainda sinto amor por você.
Desejo onde estiver felicidades mil. Aprendi muito com você,
principalmente, aprendi com você que preciso antes de tudo me amar. Talvez você
tenha sido premiado para me ensinar sobre a vida. Sofri mas vivi sem
mentiras, sem afetação. De alguma forma
escolhi este caminho e ainda tenho coragem para trilhar mas confesso que sinto
sua falta ou pelo menos sinto falta dos momentos felizes que estive contigo,
sinto falta se ser quem eu era. Me tornei muito dura ultimamente mas acredito
que há um propósito tudo isso. Esse amor
é pra vida toda... eu bem sei... Espero que estejas feliz, eu só quero o seu
bem e sei que um dia vamos nos reencontrar. Talvez para formalizar essa separação
de vez ou quem sabe para nos perceber como amantes e amados.
Hoje é o aniversário do homem que
mais amei na vida... opa !talvez tenha que reformular a frase :
Hoje é o aniversário do homem que
idealizei e sonhei um projeto de vida que não deu certo.
Sem, dúvida é uma linda história de
amor.
Em 2009 eu estava ganhando dinheiro
com publicidade e em um processo de montagem no Club Noir. Eu também fazia
terapia. Não estava mal mas também me sentia muito carente e cansada dos
encontros casuais, já estava só há cinco anos. Consegui uma promoção para
Buenos Aires e era o pretexto para abandonar aquele processo pesado cheio de
energias ruins (era uma puxação de saco sem fim e abuso de autoridade). Disse a
Juliana Galdino que estava indo filmar um longa em Buenos Aires, naquele momento não poderia sair por menos, ela inclusive,
disse que poderia voltar para a próxima montagem.
Buenos Aires foi uma das melhores
investidas em mim mesma, parecia que havia me libertado daquela vibe ruim e
estava livre ... nunca vou esquecer quando tomei o ônibus para o aeroporto de
Guarulhos... Havia reservado um hotel mas nada muito planejado... E, de fato,
foi o melhor não ter planejado... Logo na chegada me frustrei com o hotel,
caro, velho e acima do preço que poderia pagar ... Como amo explorar lugares
que não conheço!.... Consegui um hostel por um preço mega barato com uma galera
jovem e animada, conheci pessoas especiais lá, um mexicano fofo; Hiran e depois
seu companheiro de viagem, um americano Chris Macdonald que viajava já há mais
de um ano, quase tivemos um affaire mas estava me amando tanto que fui capaz de
dizer não. Eu pude flanar pelas ruas de Buenos Aires leve e solta, sem
compromisso em conhecer nada, simplesmente, fiz que sentia vontade. Nos dois
últimos dias mudei de quarto, fui me alojar com umas colombianas. No último
dia, voltando de um lanche com as colombianas, conheci Gabriel. Ele estava com
uma peruana. De fato, me senti atraída por aquele homem bonito mas confesso que
não pensei em nenhum tipo de paquera, afinal, estava tão bem comigo. Só queria
passar a noite no bar até a hora do meu voo pela manhã. Esse encontro breve se
desfez, acompanhei as colombianas até o bar. Ali, mesmo nos separamos, preferi
ficar no bar bebendo uma caipirinha. Feliz e de bem com a vida atrai olhares,
dois argentinos se aproximaram e investiram... Mas Gabriel se aproximou
perguntando em português pelas colombianas ... Começamos uma conversa que até
esqueci os argentinos... O tempo passava sem percebermos... falamos do Brasil,
do meu trabalho como atriz, do PISC in À ... Em algum momento da noite Gabriel
disse que precisava ir embora porque seu pai chegaria no dia seguinte para
encontrá-lo ou algo parecido para irem a um show. Com umas caipirinhas cabeça
fui corajosa o bastante para dizer que ele poderia ir a hora que quisesse e que
iria no banheiro quando voltasse se ele ainda estivesse ali não deveria mais
dizer que precisava ir embora. E assim o foi ele lá estava ... Dançamos, nos
beijamos, nos pegamos. Eu disse para
subirmos, deveria pegar minhas coisas já era tarde e em pouco tempo seguiria
para o aeroporto. Gabriel pediu que eu esperasse na escada, já estava
cochilando quando de sobressalto em acordou chamando para ficar em lugar
reservado. O lugar era um depósito de lixo, a sorte que não estava tão cheio.
Ali senti seu pau grande e rijo na minha boca, sentia o gosto de um touro. Ele
vestia uma camisa xadrez azul parecia um peão, o chupei com tanta vontade que
acho que aquele dia gozei sem ser quase tocada. Aquele homem grande, bonito me
envolvia depois do gozo em seus braços. Mas rapidamente nos despedimos, o tempo
já era curto e precisava embarcar em algumas horas. Contatos trocados, uma
única noite intima com alguém, regressei para o Brasil tão feliz comigo, havia
me superado.
Já era fim do ano, eu e Gabo conversávamos
pelo msn, era algo amigável. Como sempre gostei dos estrangeiros estava
tranquila com aquele contato, pensando que a distância a qualquer momento
dissolveria tudo. Afinal, sofria por amores líquidos, já estava descrente em
qualquer relação.
Gabriel me contou que viria para o Brasil no
Réveillon, passaria em Floripa. Eu estava em Vespasiano imaginando o quanto
poderia estar se divertindo. Voltei para Sampa, estava aparecendo trabalhos. Um
dia recebo um e-mail de Gabriel dizendo que viria a São Paulo, não pude
acreditar muito. Conversei com Lilian e ela me disse para acreditar porque ele
estava mesmo decidido a vir. Essa noite quase não dormi. Receberia um estranho
na minha casa, e ao mesmo tempo, um homem que desejava.
Estava numa fase tão bem comigo que
apesar do frio.... quando fui buscar o cara na rodoviária e, lógico, que senti
um negócio esquisito afinal ele é ou era um homem muito bonito estava bronzeado
de sol , com uma mochila nas costas e de chinelos havaina ... levei ele pro 4x4
e disse que precisava sair para trabalhar ... quando voltei ele estava estirado
dormindo na minha cama... dei de cara com um homem lindo na minha cama ... você não sabe o que é isso ? foi uma
sensação muito louca ... como não dei
muita atenção quando ele chegou ... assim que cheguei ... fiz o mínimo de
barulho mas era impossível , o 4x4 era 20 m² ... e foi assim, o cara contou suas
aventuras e andanças de chileno havaina pela cidade, me deu um presente ,
desses vidros, pequeno frasco com areia esculpida com delicadeza... achei fofo
(veja como somos nos vendemos por pouco) mas na verdade era a admiração de uma
viagem super cansativa talvez 16 horas para chegar ali de ônibus , claro que
fiquei impressionada ... havia um esforço ...tudo bem que podia ser para
turistar ... mas ele estava ali naquele momento... e foi assim que e sem mesmo
perceber já estava em seus braços com os lábios colados derretidos em delícias
que não se explicam , e assim pela vida afora... pessoas que te tocam como
nunca ... em momentos plenos ... é eu estava muito bem ... escolhendo cachês ,
fazendo muitos testes, me sentindo potente, decidida , feliz com meus projetos
(PISC in À ) , enfim , estava entregue e segura ... sem expectativas mas
intensa em cada segundo. Foi assim que transamos depois dele me contar que as
havainas haviam ferido seus pés de tanto andar. Mágico no mínimo mesmo sabendo
que o cara estava vindo do réveillon em Floripa, terra das serias e gente muito
bonita ...Mas logo percebi a simplicidade nos gestos, no jeito de se vestir e
ser ... Era uma simplicidade quase ingênua, dessas de querer descobrir trajetos
e histórias ... Ficamos internados no 4x4 se amando ... não me lembro bem de
quanto dias esteve ali deixando seu cheiro nos meus lençóis , alguma coisa
acontecera que não nos desgrudamos ... se não me engano havia me queimado com
água de café e estava com curativos... me lembro de passeios pelo parque do
Ibirapuera, só ... talvez ele tenha me acompanhado em algum teste mas não me
lembro de tantos rolês ... foi coisa de cama mesmo e pele, nesses dias talvez tenhamos
tirado nossa primeira foto pelados ... uma foto linda inclusive ( ver foto) .
Parecia que éramos íntimos... e me lembro que acabei comprando sua passagem de
avião porque era mais barato... e , se não me engano, ficou de ressarci-la.
Triste de mim que acabei sendo um espécie de provedora na relação ... mas
confesso, estava tão encantada e achava que aquele homem era um presente ...
pois eu nos últimos tempos rezava para não me aproximar de homens que quisessem
me usar ... Eu pedia em orações e meditação , todos os dias um homem bonito,
inteligente e que eu amasse e fosse o
grande homem parceiro da minha vida juro
que pedia essas coisas para o universo ... e ali, naquele exato momento da
minha vida , achei que era a própria carnificação daquilo que desejava...
Mal esperava a moira que me assombrava.
Na verdade não quero mais lembrar do drama ... escrever é registrar as memórias e que estas estejam entre as melhores... e que venham muitas
Diário 2
24/04/2017
Em 2013, após minha separação, uma amiga que
estava me dando suporte me chamou para sair um pouco, ir em uma balada, tomar
algo... ainda estava mal ... mas fui ... tão logo voltamos e dentro do taxi
falávamos sobre dar a volta por cima e sobre como ainda estava dolorido. O taxi
deixou ela na sua casa e quando fui sair do carro o rapaz, um moço até bonito e
simpático me pediu um beijo. Na verdade não foi tanto assustador o seu pedido
como talvez outra mulher poderia achar assedio e tal. Ao contrário, o
questionei, queria compreender o porquê daquele desejo repentino. Comecei dar
sermão dizendo que ele não precisava sentir dó de mim... e, assim, começamos a
conversar... fiquei imaginando que aquele era um truque do cara para pegar as
minas... mas em momento algum me senti objeto, evidentemente, tive medo mas
estava tão carente que acreditei naquele momento nas palavras dele. Por fim,
beijamos e nos pegamos dentro do taxi. Óbvio que esquentou o clima mas disse
que precisava entrar, trocamos telefone e assim o fiz. Fiquei com medo da minha
casa ser assaltada ou coisa do tipo mas ele me ligou e foi fofo. Alguns dias se
passaram e ele me convidou para tomar uma cerveja, neste dia me contou tudo.
Era casado mas seu relacionamento estava já no fim, rolava uma identificação
comigo certamente, o escutei sem julgamentos, afinal um turbilhão passava na
minha cabeça, não era capaz de acreditar nem desacreditar em nada. Nesse dia, o
clima esquentou um pouquinho mais, de cara percebi que o moço não estava tão
animado quanto eu. Mesmo assim, fomos para o quarto e nada. Já sem paciência mandei ele ir embora, fui
agressiva e grossa dizendo... “Eu só quero que você me coma se não é capaz vai
embora logo” e ele foi. Eu não quis mais vê-lo mas ele ainda insistiu durante
um tempo. Passado algum tempo recebo um telefonema era a mulher do cara.
“- Você não me conhece sou a fulana... sicrano me falou de você, disse que você é
psicóloga e que o escutou.... Eu estou te ligando para saber mesmo se rolou
alguma coisa entre vocês ... Nosso casamento não tá bem mas preciso saber...”
Imagina o bafo: Você está na pior,
acaba se envolvendo com taxista e a mulher descobre.
Covardemente, respondi que não tive
nada com ele, afinal, estava deprê pelo fim de um relacionamento e só
conversamos sobre isso. Lógico que depois o taxista me procurou para saber da
conversa, pedi para ele nunca mais falar comigo, não era mulher de se envolver
com homem casado... Meses depois ele me procura, dessa vez separado de vez, já
havia se mudado... Sem julgamentos aceitei aquela reaproximação amigável. Minha
intenção não era nada a não ser amizade, e assim o foi. Logo percebi que o cara
estava mais perdido que eu, tinha cocaína na parada, dívidas, muita agitação.
Ele como eu estava tentando preencher um vazio, buscava em mim um colo e
carinho, não duvido que houvesse admiração. Tentamos ficar juntos algumas vezes
e não foi tão ruim. Acabamos nos tornando amigos, me afastei quando sentia que
a vibe dele não estava boa mas ainda assim sempre mandava mensagens carinhosas
querendo encontrar. Quando fui pra França pedi que me levasse no
aeroporto. Um tempo depois nos
reencontramos, Carina uma amiga de Vespasiano estava em casa, fomos a um
restaurante mexicano no Belém, talvez tenha sido a última vez que nos encontramos
de verdade. Passados alguns anos o descobri no facebook, parece que está bem
como todos parecem estar. Ahhh mas a história não termina aí ...
Uma relação leva a justificativa de
término da outra. Não gostaria de começar a contar minha história com Ricardo
pelo fim mas ... talvez eu possa começar
Em 2014, consegui um emprego em uma
loja no shopping Cidade Jardim parecia que as coisas estavam melhorando. Ainda
nessa época usava muito o Tinder,
conheci Ricardo, lembro que a foto que me chamou a atenção, era ele na bike com
uma camiseta enrolada no rosto pra tampar o fedor da pista da Marginal
Pinheiros... Eu iniciei a conversa com um aceno estranho(nessa época adorava
experimentar conversas malucas nesse aplicativo)
- Glovsk !!!
E ele repondeu: “Bem vinda Maria!”
Foram 3 semanas de criação
fantástica poética. Chegamos em um grau de sinergia completa, considero que
criamos uma intimidade tão linda através das palavras que só elas nos bastavam,
foi uma relação de amor muito diferente e bela. A conversa na íntegra pode se
conferir no meu blog com o título “ Da mais pura beleza”. Um dia nos
encontramos, me frustrei um pouco por acha-lo baixinho e com uma cara de
menino. Naquela noite mesmo topei em ir para sua casa. Ricardo me lembrava o
Cris Micróbio um palhaço por quem me apaixonei as 19 anos, uma figura dessas que você só encontra
em literatura; sensível, criativo, poeta, desses que tem uma luz ... diferente.
Ficamos tarados um com o outro, depois de muito tempo um homem sentia tesão por
mim e era forte o que ele sentia... seu pau não era dos maiores mas foi o pau
mais duro que já comi. De tão duro ficava machucada... mas ainda assim a
lembrança que tenho era de conseguir uma troca muito gostosa na nossa intimidade
. Ricardo tinha cheiro de casa de vó e seu romantismo me encantava. Me acordava com o café na cama. Confesso que
minha cabeça ainda voava pensando em Gabriel e ainda doía muito. Sentia uma
espécie de ressentimento e raiva. É claro que contei minha história, desabafei
e chorei. Ricardo também estava separado há algum tempo (me contou que era 4
meses mas um tempo depois soube que era apenas 2 meses). Em pouco tempo se
relacionando, Ricardo já estava confuso... era final de ano...aquela melancolia
eu não queria ficar só. Ele se afastou dizendo que precisava ficar com sua
família que estava em sua casa passando férias. Eu compreendi e deixei que se
tempo fosse respeitado. Passado Natal sugeri para passarmos juntos o Réveillon,
não obtive resposta animadora, mas de repente Ricardo me convida para passar o
fim do ano em um sítio naturista, topei na hora.
Minha performance na loja durante o
Natal não foi boa, vendi pouco e tive que aguentar umas caras de cu... já
pressentia que algo ruim estava para acontecer. Quando saí da loja no dia 30
para o feriado sabia que eles me mandariam embora, mas a viajem estava
programada e depois de muito tempo estava feliz em passar o Réveillon como meu
namorado.
Foram dias maravilhosos ... com o
Ricardo tudo era diferente parecia que me conhecia há anos e estávamos
sintonizados na mesma frequência fora da Terra.
Nunca vou esquecer esses dias ... celebrar o ano que nascia pelados, com
todo mundo pelado... ainda posso sentir a luz desses dias de descoberta e
alegria.
Na volta, eu acabei sendo demitida
mesmo. Ricardo em alguns encontros estava estranho, discutimos algumas vezes.
Voltei a ser corretora de imóveis trabalhando nos fins de semana. Trabalhei em
um lançamento no carnaval. Ricardo me chamou para ir em um show no Largo da
Batata, disse que iria mas chegaria tarde por causa do trabalho. Já era 9:30 pm
quando consegui chegar com os meninos que moravam comigo no local marcado. Não
consegui falar com Ricardo e depois de um tempo o encontrei com outra menina.
Certo que estavam juntos, minha noite acabou, fui embora despedaçada. Ricardo
me ligou no dia seguinte pedindo desculpas e dizendo que iria para Curitiba
ficar com a família, ali estava acabado.
Um hiato até abril, uma noite senti saudades e enviei uma mensagem sem
ressentimentos dizendo que o amava e assim seria para sempre. Foi uma frase de
alívio como se eu quisesse que ele soubesse que estava desculpado... Voltamos a
conversar.... Ricardo quis me ver ... me convidou para ir no show do Amado
Batista em um arrasta pé ao lado da Praça 14 Bis. Foi uma noite de desejo e
alegrias .... fiquei bêbada rapidamente,
quando o show começou estava louca e pedi pra ir embora... Noite intensa,
matamos a saudade ... Pela manhã Ricardo estava estranho e eu o senti.
Confessou que olhou minhas conversas no whats app e viu uma mensagem de um
convite para ir para o Rio de um cara (o taxista da história anterior)... O
curioso era que eu realmente viajaria para o Rio para fazer um teste na Record
ou algo parecido mas não contei para ninguém nem gostaria que ninguém soubesse
porque não queria gerar expectativas...Coincidentemente recebi essa mensagem do
taxista que não o via há tempos. Tive que contar para Ricardo que não tinha
nada a ver, era uma coincidência, inclusive, contei quem era e como tinha
conhecido ele...Mais uma vez ser franca era me jogar pelo ralo. Ricardo criou
histórias ... e não acreditou em mim. Quando voltei, um dia pelo telefone disse
que não queria mais me ver ... e, assim, sem nenhuma novidade de como termina
as relações, terminou sem razão ... ou talvez ele tivesse razões porque alguns
dias depois, convidei pessoas para uma performance na Av. Paulista e ele
apareceu para fazer o registro em vídeo, trouxe uma amiga ... senti que havia
algo ali entre eles ... Ricardo mandou o material da edição e disse que se
desconectaria para sempre ... e assim o fez ... nunca mais soube nada a
respeito. Suspeito que ao saber a história do taxista tenha me julgado da
maneira mais machista e grosseira... tenho essa impressão, e acredito que foi o
que desencadeou seu desinteresse. Alguns
dias atrás sonhei com ele e foi bom.
Diário
18/04/2017
Quando a vida te encurrala... mas te oferece uma saída e você
acredita... na verdade é tudo que você acredita, nessa única saída. Moro em
Minas em um sítio há 1 ano e 4 meses e, não vejo a hora de ir embora daqui. Eu
sou do mundo... eu gosto de experimentar coisas novas, desafios, mesmo já em
uma fase exigindo mais quietude. Eu acredito que a minha saída é a minha
dedicação no espetáculo "gostôsa", até parece que a vida me
encaminhou pra cá, exatamente para conseguir realizá-lo da maneira que tem que
ser, assim como imaginei. Curioso esse processo que vem agregando pessoas pelo
interesse de estar, pela vontade e desejo de realizar esse sonho... e,
realmente, eu sonho alto, é essa condição que me faz voltar às origens,
rever-me para avançar. Mas como resisti a esse movimento! Foi árduo, dolorido,
e ainda é ... Escrever alivia sempre.
Essa noite sonhei com Ricardo Rafael, foi um sonho dramático mas
lindo... como é bom quando lembramos só das coisas boas, talvez tenha sido
inteligente terminar como terminou, e assim acredito que ele também deve
recordar coisas boas. No sonho ele me dá de presente a clipagem do
"gostôsa", notícias e matérias do trabalho. No sonho eu senti que ele
vibra e torce por mim, senti sua alegria e contentamento. A sensação que
tive foi que ele ainda acompanha meus passos... que de tudo ainda admira a
artista. Eu ando pensando em abrir esses escritos terapêuticos, mas tenho medo
que todos descubram a verdade verdadeira... afinal, se trata de um diário
eletrônico. Por outro lado, ando pensando em escrever sobre os homens que
passaram em minha vida... Contar as intimidades mesmo, mas de uma maneira doce
e provocativa.
Vou tentar começar por trechos que
vou lembrando
Achei esse diário
Diário on line
18/04/2017
Já faz 3 meses que começamos a ensaiar o espetáculo "gostôsa".
Como qualquer processo feito no peito é demorado. Somos uma produção
independente buscando recursos para essa realização. Recentemente tentamos um financiamento
coletivo no site Benfeitoria mas foi um fracasso. Descobri que o site não faria
nada, nem mesmo a divulgação para seus sócios a não ser que a campanha
atingisse 40 % da meta. Tempo e energia perdida, afinal poderia ter dado uma
potencializada no site na aba de apoios. A montagem está muito legal e eu me
sinto completamente contemplada na direção do Marcelo do Vale. Em janeiro de
2016 eu o procurei para convidá-lo para direção, mas ele insistiu que
devêssemos ter uma dramaturgia acabada. Durante o tempo seguinte a este
encontro procurei várias mulheres dramaturgas, todas indisponíveis para esse
trabalho. Cheguei a fazer um curso de dramaturgia no Galpão Cine Horto com
objetivo de alinhavar e costurar o material, minha ansiedade já era tamanha nessa
época. Curiosamente, criei vários textos mas retomar a escrever o gostôsa era
algo que estava bloqueado como se pra mim já tivesse exprimido o supra sumo ...
Em agosto de 2016 eu e Marcelo nos reencontramos na montagem do
espetáculo " A Paixão Segundo Shakespeare", dirigida por Pedro Paulo,
ali retomávamos nossa conversa do início do ano com uma diferença, nossa
aproximação e convivência. Em 2 meses de ensaios, cúmplices e parceiros de cena
nos papeis de Lady Macabeth e Macabeth pudemos trocar confidências,
pensamentos... essas trocas já era o start do nosso processo de montagem.
Meados de novembro Marcelo sugeriu abir o processo apresentando o material
performático já criado para aproximadamente umas 15 mulheres. Foi um dia
especial, pois, ali se comprovava a potência do tema, houve uma discussão
inflamada. Ao fim de 2016 decidimos iniciar os ensaios, a dramaturgia foi amarrada
por Marcelo através da inspiração nos monólogos de Simone de Beauvoir. Em
fevereiro começamos os ensaios no teatro Nair Fonseca em Vespasiano, vamos
estrear em São Paulo em agosto desse ano (2017) na SP Escola de Teatro. Cícero,
cenógrafo e parceiro de Marcelo também se integrou no grupo e hoje estamos em
processo de montagem criando e testando cenário, figurino e tecnologias. Sim, o
espetáculo gostôsa é cheio de mídias visuais, isso vai de encontro também com
ideia transmídia do projeto; espetáculo, vídeo-documentário e site
interligados, conectando usuário, público, internautas e protagonistas desse
tema.
Eu me lembro em 2015 quando o material cênico foi testado pela
primeira vez em uma oficina de criação com Janaína Leite no grupo XIX de
Teatro. Seus comentários a respeito da apresentação foram voltados para a
necessidade de trazer o mundo virtual para a cena, sua sugestão era que o blog
(na época era um blog) estivesse conectado com a cena, fosse como recurso ou
até mesmo como um personagem que linkasse a literatura erótica. Aí está essa
sinergia, o trabalho realmente caminhou literalmente para o mundo virtual como
até mesmo um protagonismo das ações, espaço, tempo e circunstâncias
24/04/2017
Tudo partiu de uma crise pessoal após o
término de relacionamento em que me vi devastada, completamente perdida.
Durante uma profunda depressão elegi a frase dita por “ele” em uma das nossas
discussões: “Você não é gostosa”. De alguma forma essa frase me acompanhou como
um álibi para a culpa que sentia.
Emagreci bastante e sentia fisicamente uma dor incomparável. A dor era
na alma mas foi o corpo alvo dos sintomas. Alguns meses se passaram e eu
precisava me sentir viva. Precisava provar para mim mesma que era gostosa,
busquei prazer com muitos homens, era um desespero, um vazio cada vez maior.
Busquei os encontros através de aplicativos virtuais. Quanto mais buscava algo
para substituir minha dor mais problema encontrava. As pessoas que apareciam vibravam conforme
aquilo que sentia. É fato que o aplicativo me entretia, mas a medida que gerava
expectativas nos encontros, pior eles eram. Eu sempre comparava com o passado e
meu desejo era apagar todo ele mas buscando algo ainda melhor. Imaginem a
frustração, nada poderia ser igual sequer melhor naquele momento, era uma forma
de me vingar também pois nessa época soube que o ex estava apaixonado e
namorando com outra. E a frase continuava lá...
- Falar das frases de banheiro
- Como começou as dramorgias
- Performances
09/05/2017
Espetáculo em pé, rascunho feito até
o final. Primeiros testes com as câmeras. Feliz. Não gritar, não ser histérica.
Trabalhar ritmos, cores, não deixar down.
01/06/2017
Há umas duas semanas retomamos os
ensaios, tivemos imprevistos de outros trabalhos. Hoje foi a primeira vez que
passamos todo o espetáculo. Viva !!! como está vivo e em pé. Amanhã vamos
comprar coisas para o cenário, estamos caminhando bem, anjos assim como a Kátia
Assis e Frederico Rocha aparecerem para agregar, somar e multiplicar esse
trabalho. As pessoas que não eram para estar realmente não estão, a vida
selecionou e deixou quem, de fato, pode contribuir. Estou muito feliz, há
tempos não sentia essa alegria, aos poucos, o que era sonho já é real,
simplesmente por insistência e busca... O caminho da vida é esse acreditar e
insistir. Como dizia Telma Bonavita ... “Quem insiste, existe”. Essa é a lição,
os momentos mais felizes da minha vida
foram e são aqueles que batalhei e acreditei. A minha ida pra São Paulo foi
isso,
PISC in À e até no amor... eu
insisti...Feliz e agradecida a todos que estão comigo; Marcelo do Vale, Cícero,
Marcelo Luz, Taís Daher, Frederico, Kátia Assis... “gostôsa” é uma trajetória
mais que um espetáculo...
quarta-feira, 6 de maio de 2020
Tempos areia movediça...a terra vai descendo coma a força do magma. Necropolítica é o Zaitgeist, Krenac é absolvição. E os sonhos... vão. Vem com a frequência nunca imaginada, nunca sonho foi tão presente que futuro nesses tempos. Sensação de esgotamento, desgosto. Eles estão até hiperinflacionando a taxa do esgoto. Não pode tá tudo na cabeça, não tem espaço. Aliás espaço é o que não tem mesmo, só retangulo ou 4x4. Quem tem uma abóbada dentro de casa, deveria construir um templo. Sem espírito, não somos, reproduzimos , agora digital, sem emoção fisiológica, só repetição mecânica de autômato. São.
Essa Terra, esse cascalho, esse extrato de humanidade jaz. MC²
Essa Terra, esse cascalho, esse extrato de humanidade jaz. MC²
sexta-feira, 3 de abril de 2020
DIA 03/04/2020
Eles estão por toda a parte , além das câmaras de segurança , dos controles cidade, eles estão e se espalham rapidamente. A cidade é como lembrança de sermos todos vítimas,talvez,pudesse ser diferente se estívessemos em contato com toda a natureza e distantes. A natureza somos em sacrificio. Dá pra ouvir o vento, algumas sirenes e, claro, os pensamentos, preciosos . São eles nosso refúgio, nosso deleite, nossa fuga. É tão ingénuo e mórbido que me sinto adolescente lendo "O diário de Anne Frank" , aliás um dos livros que me marcou por sua trajetória de resistência e heroísmo. Tirando o lado tenebroso dessas situações , agora me sinto feliz em registrar esse momento, afinal, além de histórico e o risco que ele cabe, é histórico. E mesmo que isso custe muitas vidas (por favor, sou uma humanista , não acho que vidas são coisas) Será e já é virada. Ter medo de passar em frente a um hospital... é isso.
Estão registradas em minha mente, nunca as vias e ruas de minha casa foram iguais. São guetos escuros... as ruas como viadutos
Eles estão por toda a parte , além das câmaras de segurança , dos controles cidade, eles estão e se espalham rapidamente. A cidade é como lembrança de sermos todos vítimas,talvez,pudesse ser diferente se estívessemos em contato com toda a natureza e distantes. A natureza somos em sacrificio. Dá pra ouvir o vento, algumas sirenes e, claro, os pensamentos, preciosos . São eles nosso refúgio, nosso deleite, nossa fuga. É tão ingénuo e mórbido que me sinto adolescente lendo "O diário de Anne Frank" , aliás um dos livros que me marcou por sua trajetória de resistência e heroísmo. Tirando o lado tenebroso dessas situações , agora me sinto feliz em registrar esse momento, afinal, além de histórico e o risco que ele cabe, é histórico. E mesmo que isso custe muitas vidas (por favor, sou uma humanista , não acho que vidas são coisas) Será e já é virada. Ter medo de passar em frente a um hospital... é isso.
Estão registradas em minha mente, nunca as vias e ruas de minha casa foram iguais. São guetos escuros... as ruas como viadutos
sexta-feira, 20 de março de 2020
Corona 4 dia
Um ano e seis meses depois das eleições e pareci tudo ruim como realmente estava, mas não poderia imaginar coisa pior que a pandemia do coronavírus. Hoje dia 20/03/2020 já é o quarto dia desde que se noticiou a primeira morte no Brasil. Há princípio era possível compreender a gravidade da tragédia mas não sentir assim como agora. Hoje foi o dia da ficha tintilintando na cabeça, na palpitação, o coração pela boca, e o medo real. Lá em 2018 pensava que era o pior acontecimento na história do país. Vejo agora que não era... Os acontecimentos bons aconteceram. Me apaixonei, me casei, esqueci durante um tempo o ódio que sentia naqueles tempos. Só que não! A redes sociais passaram a ser maiores ainda, a notícias sempre inflamadas, opiniões sempre divergindo e polarizando. A máquina passou a ter uma função primordial, o púlpito, o megafone estridente e cheio de ruídos. Cada pessoa buscando seu protagonismo e "lugar de fala". Enfim, o que já apontava uma guerra se transformou em cataclismo mundial sem hora pra acabar. O vírus está espalhado pelo mundo todo. Muitas pessoas vão morrer, parece uma espécie de fim de um tempo e a instauração de um novo paradigma. Quem viver verá! Pode até ser que em um futuro próximo ao revisitar esses escritos me surpreenda para o bem e consiga dar risadas do pânico presente. Tudo estrando e pesado, oremos pelos próximos dias
Cuidado Frágil
Era só tartaruga ....
Tártaros e rugas
Há muito tempo eu não ando pelas ruas, finalmente, o frio de verão ! Difícil de acreditar nesse caos mas tão concreto e avesso a tudo que se pode imaginar. Assim como, eu passando na trajeto pra casa e uma fila enorme virando a outra esquina para tomar um passe. Luzes de consultórios terapêuticos piscando ainda sinalizando sinal de vida , ainda sinal de vida. A fila de carros pra entrar no motel que tem espelhos dourados do lado de fora, também é grande de atrapalhar o trânsito . Eu juro que vi gente sozinha no carro. Gentes querendo viver, querendo ... e eu aqui em primeira pessoa, mais primeira que terceira sempre, em movimento de bola que vira pra dentro, em "movimento"... é tudo que tenho ... às vezes me sinto esse mar de água desgrudada, nadando pra conhecer e desconhecer os buracos, as temperaturas, as luzes e cores desse oceano como algo que está empoçado mas não. De uma perspectiva de cima pra baixo, a visão do céu parece que os mares são só ausência de terra , elas parecem quase infinitas se olhadas de frente com os pés na terra. Mal se sabe dos mistérios debaixo desse universo .... Polvos, medusas, peixes , baleias, crustáceos, cetáceos, mamíferos, multicores, multiexpectros, monstros marinhos
O HD parece cheio, esse enjoo não passa.
A visão turva ... esse desconhecimento de tudo sem fundo. Tartaruga de Galápagos de pinTA. A sobrevivência é um ato heróico !Não importa os seus agressores, a melhor investida é na FUGA. Quantos prêmios ? Dr. Dra? Faixa Salarial ? Comprou em dólar ou em real ? Quantos livros já publicou ? Casou ? Tem filhos ? Tem carro ? Paga aluguel ? Entrou no consórcio ou financiamento ?
Já se separou ? Já comeu iguarias ? o melhor vinho ? e o sexo ? Já matou ? ( pausa grande )
Performance
Quando você mata ...
Pior você diz que matou ....
Ainda resta algum dinheiro para recomeçar ( tira algumas pratas do bolso)
Cansada de ter que recomeçar , melhor mesmo seria sempre terminar ou chegar ao fim. Assumir, olhar no olho, montar o bicho sem medo
(uma peça sobre o esgotamento, a fragilidade, a simples opção de não performar, sobre a poesia da vulnerabilidade , daquilo que é humano, do atropelamento de delicadezas, das políticas preferencialistas, da exclusão, da dificuldade de pertencimento, das falsas terapias e explicações para a profundidade da vida que deve ser antes de tudo, vivida !)
.
.
.
Foda-se !
.
.
.
Uma peça de super exposição, em que o eu parece até ser ficção de tão absurdo, dos absurdos de se ser, esse constraste que deveria ser natural.
CAIXA
Não economica ,
CAIXA só
Morfina ( como transcendência)
vontade de furar um bolo com e dedo e depois ficar olhando o buraco lá dentro, as camadas, as cortinas de creme deslizando nos poros da farinha tratada com bichos. Bichos que a gente não vê .
Aqui por exemplo tem um tanto de bicho.
a-Bichos nocivos
b- bichos intergaláticos
c- só bichos
d - bichos soltos ( bichas ou biches ?)
Performa o clichê de um programa de tv ( Peço ajuda para Carl Sagan)
A minha mãe usava creme de tartaruga pra pele ... De quando em quando tem uns cremes de bichos na moda . Na verdade era mais forte creme com bichos como creme de baleias, casco de cavalo, tutano de boi. Agora creme de bicho não rola não é politicamente correto, tem o direito dos animais. Com tantos direitos os animais estão ainda morrendo mais. Me disseram que a agua é um direito por exemplo, mas a água tá cara né?
Quando eu vejo o mar ... é como se eu não existisse ... nunca fui boa de matemática. Eu acreditei que um dia seria melhor . Que a matemática estaria dentro de mim e eu dentro dela , por isso não me preocupei tanto em dominá-la ... ela está aqui . Mas com bicho eu falei a vida inteira, conversava com todos, formigas, tatus bola, gatos , cachorros , moscas, cigarras .... (ahhh eu enterrava os bichos todos em uma caixa de fósforo e ainda colocava uma cruz de palito colado, rezava e cobria com flores beijinho) . Eu sempre me relacionei melhor com os bichos. Passei da primeira infância deprimida porque minha mãe sumiu com o cherry, um cachorro grande que ganhei . Coloquei as roupas na mala e fui embora, me encontraram na Rodoviária ... minha vontade era desaparecer .... Desde cedo eu pensava em desaparecer...
Depois que assisti ET desapareci dentro de casa. Fiquei escondida em uma caixa de papelão o dia inteiro no porão, eu me sentia como o ET.
ET , EU ... essas coisas de ego, egoísmo, fraquezas ....
Eu vejo as pessoas sempre fortes e belas ... são... (continuar)
Esse enjôo ...
Recita letras de música misturadas ...
" Enquanto os homens exercem seus podres poderes, eu vejo um rio de lágrimas sobre meus olhos. Navegar é preciso , viver não é preciso . Mas e a vida , o que é diga lá meu irmão , é as batidas do coração Eohhh , é ... ou tormento ?
Era só tartaruga ....
Tártaros e rugas
Há muito tempo eu não ando pelas ruas, finalmente, o frio de verão ! Difícil de acreditar nesse caos mas tão concreto e avesso a tudo que se pode imaginar. Assim como, eu passando na trajeto pra casa e uma fila enorme virando a outra esquina para tomar um passe. Luzes de consultórios terapêuticos piscando ainda sinalizando sinal de vida , ainda sinal de vida. A fila de carros pra entrar no motel que tem espelhos dourados do lado de fora, também é grande de atrapalhar o trânsito . Eu juro que vi gente sozinha no carro. Gentes querendo viver, querendo ... e eu aqui em primeira pessoa, mais primeira que terceira sempre, em movimento de bola que vira pra dentro, em "movimento"... é tudo que tenho ... às vezes me sinto esse mar de água desgrudada, nadando pra conhecer e desconhecer os buracos, as temperaturas, as luzes e cores desse oceano como algo que está empoçado mas não. De uma perspectiva de cima pra baixo, a visão do céu parece que os mares são só ausência de terra , elas parecem quase infinitas se olhadas de frente com os pés na terra. Mal se sabe dos mistérios debaixo desse universo .... Polvos, medusas, peixes , baleias, crustáceos, cetáceos, mamíferos, multicores, multiexpectros, monstros marinhos
O HD parece cheio, esse enjoo não passa.
A visão turva ... esse desconhecimento de tudo sem fundo. Tartaruga de Galápagos de pinTA. A sobrevivência é um ato heróico !Não importa os seus agressores, a melhor investida é na FUGA. Quantos prêmios ? Dr. Dra? Faixa Salarial ? Comprou em dólar ou em real ? Quantos livros já publicou ? Casou ? Tem filhos ? Tem carro ? Paga aluguel ? Entrou no consórcio ou financiamento ?
Já se separou ? Já comeu iguarias ? o melhor vinho ? e o sexo ? Já matou ? ( pausa grande )
Performance
Quando você mata ...
Pior você diz que matou ....
Ainda resta algum dinheiro para recomeçar ( tira algumas pratas do bolso)
Cansada de ter que recomeçar , melhor mesmo seria sempre terminar ou chegar ao fim. Assumir, olhar no olho, montar o bicho sem medo
(uma peça sobre o esgotamento, a fragilidade, a simples opção de não performar, sobre a poesia da vulnerabilidade , daquilo que é humano, do atropelamento de delicadezas, das políticas preferencialistas, da exclusão, da dificuldade de pertencimento, das falsas terapias e explicações para a profundidade da vida que deve ser antes de tudo, vivida !)
.
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Foda-se !
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Uma peça de super exposição, em que o eu parece até ser ficção de tão absurdo, dos absurdos de se ser, esse constraste que deveria ser natural.
CAIXA
Não economica ,
CAIXA só
Morfina ( como transcendência)
vontade de furar um bolo com e dedo e depois ficar olhando o buraco lá dentro, as camadas, as cortinas de creme deslizando nos poros da farinha tratada com bichos. Bichos que a gente não vê .
Aqui por exemplo tem um tanto de bicho.
a-Bichos nocivos
b- bichos intergaláticos
c- só bichos
d - bichos soltos ( bichas ou biches ?)
Performa o clichê de um programa de tv ( Peço ajuda para Carl Sagan)
A minha mãe usava creme de tartaruga pra pele ... De quando em quando tem uns cremes de bichos na moda . Na verdade era mais forte creme com bichos como creme de baleias, casco de cavalo, tutano de boi. Agora creme de bicho não rola não é politicamente correto, tem o direito dos animais. Com tantos direitos os animais estão ainda morrendo mais. Me disseram que a agua é um direito por exemplo, mas a água tá cara né?
Quando eu vejo o mar ... é como se eu não existisse ... nunca fui boa de matemática. Eu acreditei que um dia seria melhor . Que a matemática estaria dentro de mim e eu dentro dela , por isso não me preocupei tanto em dominá-la ... ela está aqui . Mas com bicho eu falei a vida inteira, conversava com todos, formigas, tatus bola, gatos , cachorros , moscas, cigarras .... (ahhh eu enterrava os bichos todos em uma caixa de fósforo e ainda colocava uma cruz de palito colado, rezava e cobria com flores beijinho) . Eu sempre me relacionei melhor com os bichos. Passei da primeira infância deprimida porque minha mãe sumiu com o cherry, um cachorro grande que ganhei . Coloquei as roupas na mala e fui embora, me encontraram na Rodoviária ... minha vontade era desaparecer .... Desde cedo eu pensava em desaparecer...
Depois que assisti ET desapareci dentro de casa. Fiquei escondida em uma caixa de papelão o dia inteiro no porão, eu me sentia como o ET.
ET , EU ... essas coisas de ego, egoísmo, fraquezas ....
Eu vejo as pessoas sempre fortes e belas ... são... (continuar)
Esse enjôo ...
Recita letras de música misturadas ...
" Enquanto os homens exercem seus podres poderes, eu vejo um rio de lágrimas sobre meus olhos. Navegar é preciso , viver não é preciso . Mas e a vida , o que é diga lá meu irmão , é as batidas do coração Eohhh , é ... ou tormento ?
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