domingo, 14 de março de 2010

Enquanto os homens exercem seus podres poderes...

Fugi daquilo que só se pode enxergar com os dois olhos, fui ao mundo incrível do "pensar"TUDO AO MESMO TEMPO. E me disseram que é preciso reencontrar a minha criança que abandonei há muito tempo. Será quantas crianças encontrei o quantas se dispersaram ou quem sabe se esconderam de mim?
Uma lembrança
Uma vez uma amigona pediu que vestisse de palhaço no aniversário de 1 ano da filha. Já estava pulsando ir pra e brincar de artista. Então topei e até fiquei muito feliz com o convite. Ela mesmo conseguiu a roupa e maquiagem.
Na hora combinada me aprontei, exagerei na pasta d'água e saí pela casa para encontrar com o motivo principal da festa; "as crianças". A minha cara de pau, menos naquela época, começou a queimar logo no primeiro encontro. Estava travadassa. Evidentemente a recepção dos pequenos não foi a mais acalorada. E, eu, besta insistente tentava fingir que nada acontecia e quanto mais as crianças estranhavam mais eu carregava nas atitudes e vozes infantis bem idiotizadas caricatas. Uma das crianças, um garoto, que não me lembro o nome exatamente explodiu em lágrimas e medo. Seu choro era a própria tragédia daquela noite. O meu mal estar foi causando suadeira, e provavelmente, em todos os pais que pensaram em confiar suas crianças à um palhaço. O menino gritava a ponto de arranhar a garganta. A frustração tamanha fez eu voltar ao meu lugar que naquele momento que me cabia; "A Amiga da Mãe da Aniversariante". Me desfiz sentindo o fracasso sem poder dividir com ningúem. Voltei para a festa arrasada mas voltei para conferir se as coisas haviam se acalmado.
Passei pelas crianças em pânico de ser notada. Aproximei da mãe do garoto me desculpei mas ela disse que não era para se incomodar e com boas intenções chamou o garoto :
-Filho tá vendo essa aqui? Pois é filhinho era ela o palhaço...
Ela nem terminou a frase e ele começou a esguelar novamente... Saí à francesa, não aguentei.
No ano seguinte minha amiga me convidou novamente para cantar o parabéns para sua filha. Dessa vez sem precisar pagar o mico do palhaço. Como éramos muito próximas, nossas mães muito amigas também aceitei o convite.
Um ano depois, a mesma festa, os mesmos salginhos (aliás, tinha um pão de queijo com pernil que só tinha nas comemorações da sua casa e que eu adorava) e também, as mesmas crianças...Só não tinha percebido isso até o momento em que me encontrei com o garoto do ano anterior. Porque o choro e os gritos também eram os mesmos.
Concluí: Causei um trama nessa criança. Sou responsável pelo que ela será no futuro.
Tudo isso poderia ser o fiasco para que eu desistisse de fazer arte. Talvez seja por isso que hoje sou muito exigente comigo mas ainda bem que a cara de pau continua ainda aí. Talvez menos carregada ou quem sabe tenha confeccionado várias caras de pau para fugir de várias situações... mas com uma sábia diferença. SEM CULPA. MC²


Um comentário:

Anônimo disse...

AHO!
Bela história ...
bjs
MarcelloALMA