quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Dois maços de cigarro pra esperar o tempo ou superá-lo quando ainda resta o último cigarro do pacote?

Aliviar-se fazendo fumaça, secar alguma fonte ainda desconhecida de um mundo aquoso e impermeável. Contrair as víceras, dilatar o cérebro, trocar-se pelo incerto. O que seria fumar os cabelos da amada? Um barato excitantemente se ela tiver dreads...

Dois maços de cigarro... Tô precisando de uma caninha 51 pra aprumar o paladar de quem quer sentir a garganta como caminho, adentrar, plasmar celúlas abaixo, mitocondriar comigo até raiar os dias. Maços, maciços sólidos em matéria de veias, artérias, nervos quero apanhar, sem dilacerar a carne, sem espremer, sem desconfiança de pressionar pra provar se resiste, sem poluir com palavras. Vou soprar, olhar com raio x...Vou colher esses maços, intrelaçá-los nos dedos, fazê-los rodopiar no ar...Enquanto soltos, espalhados deslizantes sobre minha pele, caindo resistentes à gravidade um a um... A cada suspiro um maço me penetra em sons, estado, lágrima. Suspensa fico por maços em espasmódicos reflexos de fumaça, tiro.MC²